Outro dia uma pessoa me perguntou como eu estava encarando a pandemia do coronavírus, se eu estava com medo ou preocupado. Para o caso de ser útil a alguém, reproduzo aqui mais ou menos o que eu disse, talvez com algum acréscimo.
É preciso enxergar a pandemia com o olhar da fé, com visão sobrenatural. Posso dizer que a pandemia me traz à memória o pensamento de três grandes santos.
O primeiro pensamento que me ocorre é de Santo Agostinho. Diz Santo Agostinho que só acontecem dois tipos de coisas, só existem dois tipos de acontecimentos: os que Deus manda e os que Deus permite. Deus só manda coisas boas, mas pode permitir coisas ruins, acontecimentos maus. Quando Ele permite um mal, é para trazer um bem maior. Deus não permitiria o mal se não pudesse extrair dele um bem maior. Dos males Deus tira bens, dos grandes males, grandes bens.
Dou um exemplo: Deus permitiu o pecado original de Adão para depois conceder algo bem maior, a Encarnação do Verbo. Onde abundou o pecado, superabundou a graça.
Dou um exemplo: Deus permitiu o pecado original de Adão para depois conceder algo bem maior, a Encarnação do Verbo. Onde abundou o pecado, superabundou a graça.
Pois bem. A pandemia de coronavírus é um mal (mais à frente falarei dos relativistas...). Deus a permitiu, não a mandou, mas tem em vista um bem maior.
Parece-me lícito perguntar: o que será que Deus quer de mim com essa epidemia? O que Ele quer me dizer? Qual mensagem Ele me manda com isso? Que lição ou que lições eu posso tirar disso?
Creio que uma primeira lição é que é preciso estar sempre preparado para a morte. Nós não somos deste mundo. Estamos neste mundo, que é provisório, mas não somos deste mundo. É preciso viver sempre em estado de graça, na amizade com Deus. De nada adianta ter pavor da morte. É preciso preparar-nos para ela. Um dia ela virá, não se sabe quando.
Uma segunda lição é a da fragilidade deste mundo, que tanto confia em si mesmo, mas que, de uma hora para outra, vira as pernas para o ar. A pandemia atinge ricos e pobres. É certo que uns mais, outros menos, mas, de uma certa forma, ficou demonstrada a fragilidade de todos.
Uma terceira lição poderia ser a de como são estapafúrdias certas correntes de pensamento assentadas no relativismo. Alguns dizem: não existe verdade, a verdade é relativa. Contudo, não adianta muito filosofar nestes termos agora, porque, reconhecendo ou não a existência e a realidade do coronavírus, mesmo o mais relativista dos homens pode contraí-lo e sentir os seus efeitos, nada bons. O relativismo só é bonito na teoria; na prática, é desastroso.
São uma infinidade as lições que podemos tirar desse episódio, e cada um pode tirar suas próprias lições e conclusões. O acontecimento fala em vários níveis: fala ao mundo, fala às nações, fala aos Estados, às cidades, aos governos, às empresas, às famílias e a cada pessoa em particular.
Até aqui desenvolvi, ou tentei desenvolver, apenas o primeiro pensamento, de Santo Agostinho. Passemos à segunda ideia.
A segunda reflexão que me ocorre vem de São Francisco de Sales. Diz o grande doutor da Igreja: depois do pecado, nada pode acontecer de pior a uma pessoa do que a inquietação e a perturbação, que são fontes de inúmeras tentações.
E São Francisco de Sales define a essência do que é a inquietação ou perturbação: é o desejo desordenado de um bem ou o desejo desordenado de fugir de um mal. Não se trata de querer um bem segundo a ordem desejada por Deus, mas com amor desordenado. Nem se trata de fugir de um mal como Deus quer que fujamos, mas com uma aversão desordenada, precipitada e inquieta, agitada.
Mesmo a fuga de um mal deve ser pacífica, calma e ordenada, o que não significa negligente. Devem-se empregar todos os meios lícitos e empregá-los de forma ordenada. Mas não podemos temer o mal mais do que seria razoável, nem devemos fugir dele com precipitação, agitação ou afobamento. Uma fuga precipitada pode causar um mal maior.
Dou um exemplo. É mais fácil fugir de um ladrão mantendo a calma do que com precipitação. Com precipitação, agitação e inquietação, é mais fácil tomar um tiro do que escapar. Às vezes, não é possível escapar do assalto, mas sim evitar um tiro.
Portanto, para evitar a contaminação pelo coronavírus ou os efeitos da pandemia, é preciso manter a calma, empregar diligente e ordenadamente os meios, sem precipitação, sem afobação e sem agitação. Mais ainda: sem um temor exagerado da morte, pois o pior mal é ofender a Deus, não a morte. Quem sabe se Deus não quer convidar o mundo a parar de ofendê-Lo agora? Abortos legalizados, casamento gay, inversão de valores e tantas aberrações haveriam de durar para sempre? Creio que não. É impossível que tanta iniquidade perdure para sempre ou que perdure muito tempo.
Finalmente, o terceiro pensamento é de Santo Inácio de Loyola. Ensinava ele: reze como se tudo dependesse de Deus, porque de fato tudo depende Dele, mas aja como se tudo dependesse de você, porque Ele não quer que sejamos omissos ou negligentes.
Ou seja, em primeiro lugar, em primeiríssimo lugar, rezar, pedir a Deus a solução para o problema da pandemia. Em segundo lugar, muito em segundo lugar, mas sem omissões, sem negligências nem retardamentos, empregar todos os meios humanos para debelar a doença e suas consequências, obedecendo às autoridades civis e sanitárias e fazendo cada qual a sua parte, os cientistas pesquisando, os médicos atendendo, as pessoas em geral se cuidando e assim por diante.
E São Francisco de Sales define a essência do que é a inquietação ou perturbação: é o desejo desordenado de um bem ou o desejo desordenado de fugir de um mal. Não se trata de querer um bem segundo a ordem desejada por Deus, mas com amor desordenado. Nem se trata de fugir de um mal como Deus quer que fujamos, mas com uma aversão desordenada, precipitada e inquieta, agitada.
Mesmo a fuga de um mal deve ser pacífica, calma e ordenada, o que não significa negligente. Devem-se empregar todos os meios lícitos e empregá-los de forma ordenada. Mas não podemos temer o mal mais do que seria razoável, nem devemos fugir dele com precipitação, agitação ou afobamento. Uma fuga precipitada pode causar um mal maior.
Dou um exemplo. É mais fácil fugir de um ladrão mantendo a calma do que com precipitação. Com precipitação, agitação e inquietação, é mais fácil tomar um tiro do que escapar. Às vezes, não é possível escapar do assalto, mas sim evitar um tiro.
Portanto, para evitar a contaminação pelo coronavírus ou os efeitos da pandemia, é preciso manter a calma, empregar diligente e ordenadamente os meios, sem precipitação, sem afobação e sem agitação. Mais ainda: sem um temor exagerado da morte, pois o pior mal é ofender a Deus, não a morte. Quem sabe se Deus não quer convidar o mundo a parar de ofendê-Lo agora? Abortos legalizados, casamento gay, inversão de valores e tantas aberrações haveriam de durar para sempre? Creio que não. É impossível que tanta iniquidade perdure para sempre ou que perdure muito tempo.
Finalmente, o terceiro pensamento é de Santo Inácio de Loyola. Ensinava ele: reze como se tudo dependesse de Deus, porque de fato tudo depende Dele, mas aja como se tudo dependesse de você, porque Ele não quer que sejamos omissos ou negligentes.
Ou seja, em primeiro lugar, em primeiríssimo lugar, rezar, pedir a Deus a solução para o problema da pandemia. Em segundo lugar, muito em segundo lugar, mas sem omissões, sem negligências nem retardamentos, empregar todos os meios humanos para debelar a doença e suas consequências, obedecendo às autoridades civis e sanitárias e fazendo cada qual a sua parte, os cientistas pesquisando, os médicos atendendo, as pessoas em geral se cuidando e assim por diante.