sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

MERVAL PEREIRA

Todas as vezes que vejo o Merval Pereira na televisão, normalmente no Jornal das 10, acontece-me uma coisa estranha, aparentemente um estalo do inconsciente: dá-me vontade de me mudar, com a cara e a coragem, e talvez com alguma irresponsabilidade, para a cidade do Rio de Janeiro.

Considero-me um bom observador e passei a buscar as razões ocultas desse desejo instintivo, e por que não dizer, intuitivo, bem pouco racional. Não me foi tão difícil a descoberta. Merval Pereira pertence à Academia Brasileira de Letras, lembra-me um grande escritor, que não se curvava às pompas e glórias do mundo, sabedor de que são vãs. Trata-se de um verdadeiro imortal, bem mais imorredouro do que os da Academia, muitos deles dotados de uma imortalidade de convenção.

Sem que eu faça força, ou sem que tenha tempo de defender-me, Merval Pereira recorda-me Gustavo Corção Braga e o palco das suas lutas, o ambiente sagrado das suas incríveis, árduas e sublimes batalhas, também das suas amargas humilhações: a cidade do Rio de Janeiro.

As humilhações continuam a persegui-lo, pois, além de não se encontrar no lugar reservado aos imortais e proporcionado aos seus méritos, o modesto túmulo de Corção, que já tive a oportunidade de visitar e venerar, é ridícula e infinitamente menos conhecido e visitado que o de Cazuza e de sei lá mais quem. É um verdadeiro e austero sepulcro de oblato beneditino, autêntico servo de Jesus Cristo. De um servo de Jesus Cristo que o acompanhou até o calvário, sem medo das cusparadas ou de maiores consequências, como o apóstolo São João.

Por aí se vê em que trágico e deplorável estado de coisas se encontra o país de Gilmar Mendes, que só não é mais cômico e mais trágico porque atingiu a degradação infinita.

Sem dúvida, Gustavo Corção Braga é o brasileiro que mais admiro, pela exuberância da inteligência, pelo refinamento da escrita, pela lógica e beleza dos argumentos, pela perfeição do estilo, pela agudeza das percepções, pela vastidão da cultura, pelo desprezo das falsas pompas deste mundo. É um Agostinho nacional, esse que para mim é o mais honesto e sincero dos escritores. Nós lemos e bebemos a alma de Corção nos seus textos.

Salve a gloriosa cidade do Rio de Janeiro, adornada pela beleza natural, pela beleza arquitetônica e pelos méritos desse grande escritor e herói da fé, que em 17 de dezembro fez mais um aniversário!


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

TILLY


Permanecendo em Viena, tive também a oportunidade de conhecer no hospital minha primeira mulher, Tilly Grosser. Ela era enfermeira na seção do professor Donath. Tilly logo me chamou a atenção porque, na minha opinião à época, ela se parecia com uma dançarina espanhola. Na verdade, acabamos ficando juntos porque Tilly queria que eu me apaixonasse por ela a fim de vingar sua melhor amiga, com quem eu havia começado algo que não foi em frente. Descobri o motivo rapidamente e não escondi isso a ela. Ela ficou bastante impressionada.
 
Seria preciso dizer, porém, que o ponto mais significativo de nosso relacionamento não foi aquele que costumamos imaginar; pois eu não me casei com ela por sua beleza, e ela não se casou comigo por minha "inteligência" – e nos orgulhávamos disso, por esses não terem sido o motivo do nosso casamento.
 
Claro que eu estava impressionado com sua beleza, mas fui conquistado por sua essência – como posso dizer? –, por sua compreensão da natureza, pela cadência do seu coração. Quero dar um exemplo: a mãe de Tilly estava prestes a perder sua garantia contra a deportação, à qual tinha direito por Tilly ser enfermeira. É que certo dia se decidiu que essa garantia contra a deportação não valia mais para dependentes. Um pouco antes da meia-noite, quando ela caducaria, a campainha tocou. Tilly e eu estávamos visitando a mãe dela. Mas ninguém ousou abrir a porta, tratava-se da intimação à deportação. Finalmente, um de nós foi atender à campainha – e quem estava diante da porta? Um mensageiro da comunidade cultural, convocando-a para assumir na manhã seguinte seu posto como recém-nomeada ajudante da arrumação dos móveis das casas dos judeus recém-deportados. Ao mesmo tempo, ele entregou à mãe de Tilly um certificado que lhe restituía automaticamente sua garantia contra a deportação.
 
O mensageiro deixou a casa, nós três voltamos a nos sentar, e nos entreolhamos, sorrimos uns para os outros. A primeira pessoa que conseguiu encontrar uma palavra foi Tilly. E o que ela disse?
 
– Ora, Deus não é maravilhoso?
 
Essa foi a teologia mais bonita e, especialmente, a mais breve summa theologiae, para falar como os tomistas, que eu já ouvi!
 
O que me levou a casar com Tilly? Certo dia ela estava preparando a comida na minha casa, ou melhor, na casa de meus pais, na Czerningasse, quando o telefone tocou. O Hospital Rothschild me chamava com urgência: um clínico tinha acabado de avisar de um caso de envenenamento por soníferos, perguntando-me se eu não poderia empregar minhas artes de neurocirurgia. Não deixei nem que me fizessem um café, coloquei apenas alguns grãos de café na boca e mastiguei enquanto corria para um táxi.
 
Duas horas depois, eu estava de volta, o almoço em família estava arruinado. Claro que eu supunha que os outros já tinham comido, o que meus pais realmente haviam feito. Mas Tilly havia esperado e sua primeira reação não foi: "Puxa vida, finalmente você voltou, fiquei esperando com a comida".
 
– Como foi a operação, como está o paciente? – foi o que ela disse.
 
Nesse instante, decidi-me a fazer dessa moça minha mulher, não porque ela era isso ou aquilo para mim, mas porque ela era ela.
 
Já estávamos no campo de concentração quando lhe dei uma lembrancinha que consegui arranjar para o seu 23.º aniversário (creio), e escrevi: "Para seu dia, desejo – para mim – que você se mantenha fiel a você". Ou seja, um paradoxo duplo: era o aniversário dela e eu estava desejando algo para mim e não para ela, e isso consistia em ela se manter fiel a ela mesma e não a mim.
 
 
Trecho extraído de: Viktor Emil Frankl. O que não está escrito nos meus livros. Memórias. Tradução de Cláudia Abeling. São Paulo: É Realizações, 2010. pp. 101-2.
 
 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

DUAS POBREZAS E DUAS FORÇAS


“Sim, meu padrasto. Nesse tempo minha mãe se casara de novo com um personagem fabuloso que os filhos haviam descoberto nas matas do Trapicheiro. Era uma espécie de guarda-florestal que vivia numa caverna e usava barbas terríveis, atrás de cuja sombra brilhavam olhos de mel e escondia-se o melhor coração das redondezas. Para nós ele era uma espécie de meio-termo entre o Capitão Nemo e Miguel Strogoff. E tanto insistimos que mamãe quis conhecer o prodígio pelo qual seus filhos estavam apaixonados, e apaixonou-se por ele também. Casaram-se com simplicidade, casando as duas pobrezas, mas também as duas forças.” (Gustavo Corção. “Dia das Mães”, in “Conversa em sol menor”, Agir)

No dia de hoje, 14 de dezembro, a Igreja celebra a memória de São João da Cruz, doutor da Igreja, pai e reformador do Carmelo. Por coincidência, tive a felicidade, nesta manhã, de meditar num trecho do “Cântico Espiritual” do doutor místico, justamente aquele em que ele começa a falar sobre o matrimônio místico, o mais alto estado espiritual a que uma pessoa pode chegar nesta vida. É um estado de completa união com Deus, de união transformante, em que a alma é necessária e previamente confirmada na graça santificante. Trata-se da Canção XXII.

São João da Cruz faz uma bela comparação, que espero ter compreendido. Diz ele que, assim como na consumação do matrimônio, homem e mulher tornam-se uma só carne, na consumação do matrimônio místico ou espiritual, a alma e o Filho de Deus tornam-se uma só coisa: Deus. A alma torna-se Deus por participação. As propriedades e virtudes de Deus comunicam-se à alma. A alma fica toda consumida, absorvida e incendiada pelo grande sol que é Deus. A alma é toda de Deus, e Deus, por assim dizer, é todo da alma.

Santa Teresa leva sobre São João da Cruz a vantagem de escrever de forma mais solta, espontânea, bela e original. Por outro lado, São João da Cruz leva sobre Santa Teresa a vantagem de ser mais metódico, mais sistemático e mais claro. Além de deter maior rigor teológico – ele que estudou em Salamanca – e, por que não dizer, filosófico. São perceptíveis as influências do tomismo em sua obra.

Recomendo, pois, a leitura de São João da Cruz, especialmente a do “Cântico Espiritual”, que fornece-nos uma noção luminosa, um itinerário seguro a seguir em nossa vida espiritual. Fica clara a meta. Ficam evidentes os meios e o caminho.

Contudo, feita essa longa digressão, queria retomar o assunto do primeiro parágrafo. É que neste mesmo dia me veio às vagas da memória a descrição que Corção faz sobre o casamento da sua mãe viúva com o seu amável padrasto, seu Castanheira. Veio-me imprecisamente a frase: “Uniram as duas pobrezas e as duas forças”, mas depois fui beber na fonte, fui consultar o trecho, e a citação correta é: “Casaram-se com simplicidade, casando as duas pobrezas, mas também as duas forças”.

Não sei se eu sou, se nós somos capazes de avaliar a beleza dessa frase, a poesia desse pensamento. Ele é de uma verdade, de uma humanidade e luminosidade infinitas. Há alguma grandeza insuspeitada oculta nesse trecho. Uma espécie de segredo velado, de grande verdade universal. No final das contas, penso, todo casamento é assim: a união de duas pobrezas, totalmente dependentes de Deus, e de duas forças. Forças que Deus pôs nas duas pobrezas pela natureza, como dons naturais, e que quer infundir nelas mediante a graça, como dons sobrenaturais. Como é bonita, generosa, sólida, fecunda, durável, estável e admirável essa união de pobrezas e de forças! É uma poesia maior do que o céu!

Espantou-me muito que o doutor místico, padre, frade, asceta, celibatário, carmelita, não tenha encontrado figura mais perfeita para o mais alto grau da vida contemplativa que o casamento. E mais: que tenha comparado a consumação do matrimônio místico com a consumação do matrimônio humano. Isso deve significar que o casamento, que o matrimônio, realmente seja algo tão grande que não saibamos avaliar bem, compreender em toda a sua altura, largura e extensão. Deve ser realmente um oculto segredo, um incompreensível mistério. Porém, no matrimônio espiritual, ao contrário do matrimônio humano, há o encontro de uma total pobreza com uma total riqueza. De um absoluto nada e fraqueza com um total tudo e fortaleza.

Trago, então, para fechar com chave de ouro, mais uma simples e esplendorosa descrição do amor de Castanheira e Gracietta Corção:

“Conheceram-se, amaram-se, casaram-se. Com o desenvolvimento desses três verbos eu escreveria um belíssimo romance se para tanto tivera engenho e arte, e se a Luta me concedesse férias amplas e repousadas (Os telefones, dez ou vinte vezes por dia, querem saber o que penso da reunião da CNBB em Itaici.)

Ao menos três ou quatro linhas escrevo entre os dois últimos verbos. Foi mansamente fulgurante a passagem do conhecimento para o amor, em longas conversas, e silêncios mais longos nos bancos de pedra do Trapicheiro. E depois as visitas noturnas de seu Castanheira. A criançada ia às oito e tanto para a cama, e eles dois prolongavam a conversa na sala sob a teórica vigilância da Zezé, ex escrava e ama-seca da Mamãe, que esteve sempre com ela, na fartura e na pobreza. Outro salto infinito. Uma curta digressão: é impossível, sem uma espécie de sumária guilhotina, contar a mais simples das histórias, povoada de meia-dúzia ou dúzia e meia de infinitos.” (“Os dois portugueses”, in “Conversa em sol menor”)

sábado, 4 de novembro de 2017

O ESTADO DE GRAÇA


Quando eu era adolescente, achava que o estado de graça fosse uma situação extraordinária e excepcional em que a pessoa se encontra ou pode encontrar-se raríssimas vezes na vida. Algo como o Mark Knopfler tocando “Sultans of Swing” no disco “Alchemy”, provavelmente a melhor de todas as versões ao vivo. Depois descobri que não é bem assim.

É verdade que estar em estado de graça não deixa de ser extraordinário. É que, diz Santo Agostinho, o homem se impressiona mais com as coisas raras do que com as maravilhosas. Estar em estado de graça é maravilhoso, mas ao mesmo tempo tem de ser o ordinário, o cotidiano.

Eu me lembro de um dia em que o meu sobrinho resolveu andar de velocípede dentro do apartamento. Ele tinha um entusiasmo, uma alegria, uma energia infinitas. De sorte que o apartamento parecia minúsculo para ele. E era.

Ocorreu-me que o estado de graça é isto: Deus, eterna e suave criança,  percorrendo nossas minúsculas almas em seu velocípede. Que alegria Ele não traz à alma! Que movimentos graciosos e suaves! Quanta beleza e quantas luzes! Quantas inspirações! O estado de graça é o estado de amizade ou comunhão com Deus. É o estado em que se encontra a pessoa batizada que não pecou mortalmente. O Espírito Santo anda nela. O Espírito Santo mora nela. Anda nela e movimenta-se, santificando-a contínua e discretamente, porque trabalha sempre, nunca fica ocioso. Ensina Chesterton que Deus é mais jovem do que nós.

Se por desgraça cairmos em pecado mortal, a confissão individual devolve-nos a criança com seu velocípede, com seus movimentos, que haviam sido expulsos.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

MEMÓRIA DE SÃO DOMINGOS DE GUSMÃO




8/8: Memória de São Domingos de Gusmão, presbítero. Fundador da Ordem dos Pregadores (O.P.) ou dominicanos. Exterminador das heresias. Apóstolo do Santo Rosário e seu principal propagador. Primeiro inquisidor, ou, pelo menos, o primeiro a ser designado com esse título. Maior santo do século XIII, ao lado de São Francisco. Em revelação a Santa Catarina de Sena, sua filha espiritual, doutora da Igreja, da Ordem Terceira Dominicana, no seu famoso "Diálogo", é chamado por Deus Pai de coluna da Igreja, ao lado de São Francisco. Coluna pelo carisma da ciência, enquanto São Francisco o foi pela pobreza. Pai de uma legião de sábios e de santos, inclusive, o Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino, e Santo Alberto Magno, o doutor universal, padroeiro dos cientistas e mestre de Tomás.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O ALCÁZAR DE TOLEDO, POR GUSTAVO CORÇÃO


Nos dias de abril e maio que andei pelo Velho Mundo, vi muita coisa que me encheu os olhos e a alma de admiração. Não discorda Platão das Sagradas Escrituras, quando diz que a admiração é o princípio da sabedoria, porque o temor filial, segundo São Gregório e Santo Tomás, é um estremecimento da alma agradecida que permanece e resplandece no céu. Torno a dizer: vi muita coisa que me encheu os pulmões da alma de gratidão e admiração. Deus é grande e todo-poderoso, e o homem, esse quase-nada, espécie de mofo nascido nos desvãos de um planeta, quando se ergue para louvar a Deus torna-se gigantesco e admirável, e é capaz de gravar nas pedras o sorriso dos anjos, e de construir catedrais, rosáceas, vitrais que nos enchem de estupefação. "Passou por aqui uma raça de gigantes...", dizia eu com meus botões na Sainte-Chapelle ou no Alcobaça.

Era sempre diante de um passado mais lendário do que histórico, e por isso mais verdadeiro, porque as lendas cuidam das coisas essenciais que escapam aos historiadores perdidos na imensa feira de superfluidades. "Passou por aqui uma raça de gigantes..." "Passou..."

Mas num lugar do Velho Mundo pude ver o prodígio da permanência e da sobrevivência da raça de gigantes, até os dias deste século, até ontem. Refiro-me ao Toledo.

Toledo é uma cidade, hoje pequena, regada pelo Tejo, o mesmo Tejo de Camões e o mesmo rio de minha aldeia de Fernando Pessoa. A sudoeste de Madri, distante uma hora. Toledo é um prodígio sem igual. Sua preciosidade começa por sua imemorial antiguidade. Já dois séculos antes de Cristo, Toledo foi colônia cartaginesa e depois colônia romana. E logo nos primeiros dias do cristianismo Toledo se torna centro de irradiação, foco de difusão e núcleo de estudo e de doutrinação. Desde o primeiro século até o oitavo da era cristã reuniram-se em Toledo 18, sim, dezoito concílios, sendo os mais importantes os de 396, 400 e 589 com o triunfo da Igreja Católica na Espanha contra a heresia ariana.

Além disso convém lembrar que foi em Toledo que durante toda a Idade Média se forjaram as melhores espadas com que a Cristandade defendia seu território como defendera a sua doutrina. Saltando por cima dos visigodos e dos mouros, temos em Toledo a capital da Espanha até Filipe II. No século XVI temos em Toledo o pintor El Greco, cuja maravilhosa casa até hoje exibe o ainda mais maravilhoso 'Enterro do Conde de Orgaz'.

Tudo isto se inscreve no patrimônio de grandezas deixadas pela raça de gigantes que passara pelas terras de Cristandade; mas o que me deixou sufocado na visita que fiz a Toledo foi uma cripta do Alcázar restaurada, e nesta cripta com um altar o que me fascinou foi a dupla lápide, aos pés do altar, com os seguintes nomes:

José Moscardó Ituarte
Luis Moscardó

Eu não sabia que ia ali encontrar seus túmulos e seus nomes, e por isso fui tomado por uma surpresa que me prostrou de joelhos. O mundo inteiro, digo mal, o mundo inteiro que não fechou os olhos à evidência e não se recusou à admiração dos feitos admiráveis, sabe o que foi a resistência do Alcázar, em 1936. Sitiado voluntário na fortaleza de Toledo, com 1.000 combatentes - e mais mil mulheres, crianças, velhos - Moscardó organizou-se para resistir e para sustentar seus dois mil habitantes. De início teve de entregar seu filho. A história é conhecida. Estão lá ainda a mesa de trabalho e o telefone que naquele dia tocou. Era o Chefe de Milícias dos 'Rojos' que chamava Moscardó para intimá-lo a render-se em 10 minutos, sem o que mandaria fuzilar seu filho Luis, em poder dos 12.000 milicianos que cercavam o Alcázar. A resposta de Moscardó foi seca e instantânea:

- Você não sabe o que é a honra de um soldado, e por isso me faz essa proposta.

- Você fala assim porque pensa que estou blefando. Venha cá, Moscardó. Fale com teu pai.

Luis: - Oiga, ?papá?

José Ituarte: - ?Que hay, hijo mio?

Luis: - Nada de particular, papá. Dicen que me van a fusilar si no te rindes. ?Que debo hacer?

José Ituarte: - Tu sabes como pienso; tu padre no se rinde. Si es certo que te van a fusilar, encomienda tu alma a Dios y muere como espanol: da un Viva Espana! y Viva Cristo Rey!

Luis: - Es muy facil, papá. Haré las dos cosas... Un beso muy fuerte, papá.

José Ituarte: - Adios, hijo mio. Um beso muy fuerte.

E foi depois desse começo que José Ituarte desenvolveu uma sobre-humana energia para organizar a defesa, com um mínimo de armas, e organizar a subsistência de seus dois mil filhos adotivos. O que realmente espanta nessa epopeia de nossos dias não é a bravura, é sobretudo a força de paciência com que se transformou o forte bombardeado dia e noite, por muito mais bocas de fogo do que 'The Light Parade' de Tennyson, porque sobre o Alcázar, além das quatro rosas do vento, chovia fogo do céu. Aviões despejavam bombas, e José Ituarte ocupava-se com a moenda das reservas de trigo, com um motor de automóvel, e a organização de um circo para divertir as crianças...

Não cabe aqui a centésima parte da epopeia do Alcázar de Toledo. Cabe ainda um reparo. Estas coisas aconteceram neste século de tantas degradações. Eu vivia, respirava, comia, dormia e trabalhava nos meus esquemas eletrônicos, enquanto a Espanha, Toledo, o Alcázar, Moscardó defendiam o cristianismo, a civilização, a honra, e tudo o mais que dá à vida o valor de ser vivida. Por um conjunto de bloqueios e conjurações, em que este século é fértil, passou-me despercebido o feito no momento mesmo em que eu poderia ter respirado em sincronismo com os heróis do Alcázar. Estupidamente perdi essa oportunidade de ser contemporâneo de uma raça de gigantes. Convertido à Fé católica, ainda mais estupidamente perdi a oportunidade de agradecer a Deus tanta grandeza humana. Por um triz tive a sorte de sobreviver, e de ainda poder admirar, e de ainda poder agradecer. Parte dessa história  está no meu livro 'O Século do Nada'.



Gustavo Corção, no livro "Conversa em sol menor".

sábado, 22 de julho de 2017

MARIA MADALENA, POR SÃO JOÃO DA CRUZ


"6. Por isso Maria Madalena, sendo tão estimada em sua pessoa, como antes o era, não se importou com a turba de homens, consideráveis ou não, que assistiam como convidados ao banquete; nem reparou que não lhe ficava bem ir chorar e derramar lágrimas entre essas pessoas; tudo isto fez, a troco de poder chegar junto daquele por quem sua alma estava ferida e inflamada. É ainda a embriaguez e ousadia própria do amor: saber que seu Amado estava encerrado no sepulcro com uma grande pedra selada, cercado de soldados guardando-o para seus discípulos não o furtarem (Jo 20,1), e, todavia, não ponderar qualquer destes obstáculos, mas ir, antes do romper do dia, com unguentos a fim de ungi-lo.

7. E, finalmente, essa embriaguez e ânsia de amor fez com que ela perguntasse àquele que lhe parecia ser o hortelão, se havia furtado o corpo do sepulcro. Pediu-lhe ainda, se tal fosse o caso, que dissesse onde o havia posto, para ela ir buscá-lo (Jo 20,15). Não reparou que tal pergunta, em livre juízo e razão, era disparate; pois, é claro, se o homem o havia furtado, não havia de confessar, e, menos ainda, de o deixar tomar. Tal é a condição do amor em sua força e veemência: tudo lhe parece possível, e imagina que todos andam ocupados naquilo mesmo que o ocupa. Não admite que haja outra coisa em que pessoa alguma possa cuidar, ou procurar, senão o objeto a quem ele ama e procura."

(São João da Cruz, "Noite escura", Livro II, Capítulo XIII)

 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

SÃO JOÃO DA CRUZ É UM MESTRE


São João da Cruz é um grande mestre. Estou longe de ser um entendido. Registro apenas as minhas impressões. São João da Cruz descreve bem o itinerário da vida mística, da vida contemplativa. É mais prático, mais metódico, mais sintético e objetivo do que Santa Teresa de Jesus.

Chamaram-me muito a atenção a "Subida do Monte Carmelo" e a "Noite escura". O doutor místico fala das imperfeições dos principiantes e dos adiantados, incluídas a gula espiritual, a ira espiritual e a luxúria espiritual. Fiquei impressionado com o espírito prático e com a fina sensibilidade do grande mestre espanhol.


quinta-feira, 22 de junho de 2017

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS




Amanhã: Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Uma das poucas sextas-feiras do ano em que a Igreja suspende a abstinência de carne.

"Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve." (Mt 11, 28-30)


sexta-feira, 16 de junho de 2017

O CIENTIFICISMO

 
O que a Ciência não nos pode dar.
 
1. Vale a pena dedicar um capítulo a alguns fenômenos produzidos pela radioatividade nominalista. Comecemos aqui pelo Cientificismo. Como atrás já dissemos, esse termo não designa o maior incremento de pesquisas, o maior ardor de estudo nos domínios das ciências naturais. Tudo isto, em si, é bom. O que não é bom é o estado de espírito que coloca a Ciência da natureza na presidência de uma civilização, depois da abdicação da Sabedoria. Uma vez que a inteligência não alcança as coisas superiores, apliquemo-la nesse trabalho de apalpar os fenômenos para deles tirar uma nova confiança em nós mesmos, e para ordenhar a nosso gosto essa imensa mãe telúrica, brutal, que às vezes, no seu sono pesado, mata os próprios filhos.
 
Esse estado de espírito, nos primeiros tempos, produzirá uma grande euforia. A humanidade, depois de descobrir a pólvora, o movimento dos astros, a força do vapor, o poder mágico da eletricidade, terá, como teve no Século XVIII e XIX, momentos de exultação.
 
A cândida ideia que ocorrerá a muitos espíritos é a seguinte: na continuação dos tempos, a Ciência polirá todas as arestas do Velho Homem, iluminará todas as trevas, resolverá todas as dificuldades. Ora, essa ideia, comicamente falsa, extravagantemente falsa, foi difundida e tornou-se o ar que respiramos e a água que bebemos; e isto só aconteceu porque a Civilização Ocidental Moderna já não tinha à sua presidência os dados da antiga sabedoria. Se a tivesse, ouviria a censura clara e irrefutável: a ciência dos elementos exteriores aumenta o domínio do homem sobre eles, mas não acrescenta nada ao domínio do homem sobre si mesmo. Conhecer a natureza inferior é bom; conhecê-la em detrimento do conhecimento da alma e de Deus não é bom. Uma civilização, uma cultura, uma sociedade não podem ser presididas pela Ciência, que é cega, surda e muda para os problemas mais comuns e mais profundos de nossa humanidade.  Como já tivemos ocasião de salientar, a Ciência pode nos dizer que nossos pulmões estão anormais e devem ser tratados desta ou daquela maneira; mas é inteiramente incapaz de nos sugerir o que podemos nós fazer com pulmões normais. A Ciência pode proporcionar-nos veículos aperfeiçoados para nossos deslocamentos; mas é incompetente, destituída de qualquer recurso, para nos aconselhar aonde devemos ir, e aonde não convém irmos. A respeito das coisas mais triviais, o amor, a felicidade dos filhos, a alegria de ter amigos, a Ciência embatuca, ou então, irritada, trata essas coisas com desprezo; em compensação torna-se loquaz e abundante se a consultarmos sobre logaritmos, temperatura do sol, propriedades das elipses, e outras coisas desse jaez.
 
Não estamos criticando nem ridicularizando a Ciência. Ponham-na em seu lugar próprio, e seremos os primeiros a admirá-la, e até a agradecer-lhe o favor de inspirar os médicos e farmacêuticos que asseguram a sobrevivência que nos permite escrever estas linhas. Ponham-na, porém, no altar, ou nas abóbodas das idades: reclamaremos e gritaremos que nesta posição ela se transformará em calamidade.
 
O bem-estar conquistado pela ciência não causa elevação humana no sentido próprio do termo; mas condiciona-a favoravelmente. Ainda mesmo nos problemas técnicos, onde parece soberana a ciência, no seu duplo aspecto teórico e prático, quem traz a última decisão é a filosofia. Tomemos por exemplo o problema dos telefones no Rio de Janeiro. Estamos há quase vinte anos sem poder instalar os telefones pedidos. Será técnico o problema? Será econômico? Será físico, químico, astronômico? Não. O problema é filosófico e religioso: não temos telefones por causa da atuação de uma seita bárbara que professa uma filosofia ou uma religião chamada "nacionalismo". Eles dizem que nos defendem, e o resultado é que não temos o aparelho inventado há 100 anos e profusamente distribuído na face da terra.
 
A Ciência e a Técnica cuidam de coisas utilíssimas, e por isso mesmo lhes escapam as coisas que transcendem o útil, e que são as que mais importam. Dão-nos cem, duzentas, mil, um milhão de coisas úteis e boas; mas um milhão de coisas úteis e boas não conseguem integrar-se num bem de outra ordem, a que aspira a alma humana. Um milhão de maravilhas da ciência não consolam o namorado infeliz; não detêm as lágrimas do pai que perdeu o mais belo dos meninos; não interessam ao santo que procura maior amor de Deus.
 
E ainda é pouco dizer somente a incapacidade da Ciência. Posta em lugar que não lhe pertence, ela se torna foco da corrupção e do aviltamento. De onde nos vem o mal de não perceberem todos isto que aqui escrevemos? Vem deste fato: a Ciência, muito mais do que a Filosofia e a Teologia, ao menos aparentemente, é imediatamente remuneradora, é facilmente transmissível, e é progressiva de um modo que salta aos olhos e desafia quaisquer contestações. O período da história que temos diante de nós – imaginamos estar às portas da Renascença e de costas para a Idade Média – caracterizou-se especialmente por gloriosas conquistas da Ciência e pelo correlato enorme prestígio da Ciência, em detrimento da Metafísica e da Religião. O homem encontrava na Ciência a prova de sua maturidade, de sua autonomia e do seu senhorio sobre os reinos da Natureza.
 
 
* Extraído de: Gustavo Corção, "Dois amores – duas cidades". Rio de Janeiro: Agir, 1967.


SÃO DOMINGOS E SUA ORDEM

 
Segundo a vontade de S. Domingos, e conforme a aprovação da Igreja, o Frade Pregador se consagra ao ministério apostólico. Sua vida se dedica, por amor de Deus, à salvação das almas. Sendo, entretanto, necessário escolher entre as inúmeras obras de caridade espiritual, adota ele, como objeto especial de sua vocação – a salvação das almas pela pregação da doutrina.
 
O Frade Pregador procura, antes de mais nada, transmitir aos homens a verdade divina: aos fiéis, expondo-lhes as riquezas da fé; aos transviados, esforçando-se por esclarecê-los e reconduzi-los ao bom caminho; e até, por meio de longínquas missões, aos infelizes habitantes dos países não civilizados, adormecidos ainda na noite do paganismo. O Frade Pregador é, pois, essencialmente, um apóstolo.
 
No dizer de Sto. Tomás de Aquino, esta é a mais perfeita das obras de caridade: "Ocupar-se da salvação espiritual do próximo, diz ele, é muito mais útil do que prover às suas necessidade corporais. É uma obra que sobreleva a qualquer outra, do mesmo modo que a alma ao corpo. Mais eficazmente que as outras, ela alcança a glória de Deus, a quem nada é mais agradável do que o zelo pelas almas".
 
A Ordem Dominicana é, essencialmente, apostólica. Mas é preciso bem compreender esse termo apostólico e conservar-lhe o sentido que que lhe atribui a tradição. É neste caso que ele designa o caráter específico da Ordem Dominicana.
 
Os teólogos dividem as diversas sociedades religiosas em três grupos: os institutos de vida ativa, que se incumbem dos enfermos, do ensino, e da pregação; os de vida contemplativa, que se consagram totalmente à contemplação das coisas divinas; enfim, os de vida mista, cuja finalidade é a contemplação frutificando pelo apostolado. A estes últimos, os doutores reservam o título de apostólicos quando distinguem as ordens religiosas.
 
Segundo a doutrina comum, precisada por Sto. Tomás com a sua maestria habitual, devem-se colocar acima das Congregações ativas as contemplativas, pois a contemplação é superior às obras exteriores. Mas, ainda mais elevados são os institutos de vida mista ou apostólicos. De fato, acrescenta o Doutor Angélico, é "melhor distribuir aos outros os frutos de sua contemplação do que viver a contemplar simplesmente, assim como há mais perfeição em arder e iluminar ao mesmo tempo, do que em somente arder". A vida mista ou apostólica é mais perfeita que a vida exclusivamente contemplativa. Ela encerra a perfeição da vida ativa e da contemplativa.
 
 
* Extraído do livro: "São Domingos e sua ordem", Frei M. Vicente Bernadot, O.P., 2.ª edição, Gráfica Olímpica Editora, Rio de Janeiro.

 

ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DE SÃO DOMINGOS

 
São Domingos de Gusmão, o grande apóstolo ou criador do rosário, nasceu em Caleruega, Espanha, próxima a Burgos, em 24 de junho de 1270. Como se trata do Pai de todas as confrarias do rosário, convido o leitor a rezar a novena em honra de São Domingos, entre os dias 15 a 23 de junho, em preparação e em comemoração do seu aniversário de nascimento, que coincide com a natividade de São João Batista.
 
A novena foi postada abaixo. Para facilitar, deixo o link:
 
 

segunda-feira, 12 de junho de 2017

SIMONIA


Dizem os Atos dos Apóstolos, salvo engano no Capítulo 8, que Simão, o Grande, também chamado de Simão, o Mago, quis comprar de São Pedro o poder de transmitir o Espírito Santo. Do seu nome decorre o termo simonia.

De vez em quando, aqui e acolá, vejo paróquias ou santuários vendendo água benta ou objetos sagrados já benzidos. Isso é errado e grave! É o delito de simonia, de querer comprar ou vender as bênçãos de Deus. Não se podem comprar ou vender coisas bentas. Podem apenas ser doadas. A justificativa de praticidade não autoriza o desrespeito ao sagrado.


sexta-feira, 28 de abril de 2017

ASSISTIR MISSA INTEIRA AOS DOMINGOS


Se eu fosse padre, advertiria as pessoas com muita frequência sobre um erro comum a muitíssimos católicos, infelizmente: nas missas dominicais, ou chegam atrasados, ou saem antes da hora. Nem vou falar dos que mastigam chicletes, entram na igreja comendo, bocejam alto na hora da homilia, ficando escornados nos bancos, conversando, mexendo no celular etc. Além da reverência ao sagrado, as pessoas perderam as mais comezinhas noções de educação, de polidez, de finesse.

É mandamento da Igreja e constitui matéria grave assistir missa inteira aos domingos e nos dias santos de guarda. O mandamento pode ser cumprido assistindo-se à missa do dia anterior, a partir do meio-dia. Que quer dizer matéria grave? Quer dizer que o descumprimento voluntário e consciente da obrigação resulta na perda da comunhão com Deus, isto é, em pecado mortal. Não se trata, pois, de questão de pouca importância.

Mas que é assistir missa inteira? Desde o sinal da cruz inicial até a bênção final.

Qualquer pessoa minimamente educada sabe que, quando se vai a algum evento ou cerimônia em que está presente alguma autoridade, deve-se chegar antes dela e sair depois dela. Chegar depois da autoridade ou ir embora antes dela demonstra-lhe pouco apreço, pouco respeito à sua dignidade. Ora, o padre é uma autoridade, atua na pessoa de Cristo, e merece esse tipo de reverência e ainda mais. Na verdade, quem celebra a missa é Cristo. Como nos atrevemos a chegar depois Dele ou sair antes Dele? Na missa, o mais correto é chegar à Igreja antes de o padre entrar para celebrar e só ir embora depois que ele sair, no canto final. Cumpre-se o preceito, todavia, assistindo-se do sinal da cruz inicial até a bênção final.

Procuremos seguir com delicadeza esse mandamento da Igreja. Tenhamos delicadeza com Cristo. Mais do que isso: tenhamos sempre presente que ser católico não é aderir a um corpo de doutrina ou um código moral; é aderir a uma Pessoa: Cristo. Como consequência da nossa amizade, da nossa adesão a essa Pessoa, nós acreditamos no que Ela diz e fazemos o que Lhe agrada. Viver bem o catolicismo nada mais é do que viver bem e estreitar a nossa amizade, a nossa relação pessoal, com Cristo. Nos sacramentos Cristo atua com todo o seu poder e eficácia. Somos amigos de Cristo quando fazemos o que Ele manda, por sua Igreja, e não o que nós queremos ou determinamos como certo.
 
 

NO QUE PENSA A FLAUTISTA


O contrabaixista faz um solo, com dois percussionistas. No que pensam os outros músicos da orquestra, ali sentados em semicírculo? No marido, na esposa, no aniversário do filho? A flautista de cabelos dourados, com ondas que parecem madeira saída da plaina, tem o olhar perdido. No que pensa a flautista? Parece distante. Parece em Coimbra. Parece semifeliz.

Vou dedicar-me a esse exercício. Descobrir no que pensa a flautista. Ela tem duas metades: metade alegre, metade triste. Seu sorriso é verdadeiro, mas até certo ponto. Às vezes, parece um choro reprimido. Pensa ela no excesso de solenidade, que a obriga a assistir algo que já viu mil vezes? Pensa no namorado, que não pôde vir e prefere birita? Observo que os sapatos pretos do maestro, de alguns violoncelistas e de alguns violinistas brilham demais. Não sei se ela terá reparado.

Terá ela desafinado? Direi a ela que desafina, provocando-lhe imensa dor? Será que sua roupa está apertada, é incômoda, dói? Não sei. Só sei que a flautista tem duas metades: uma alegre, uma triste.

Não sei como aquela mulher consegue esta augusta proeza: é feliz de verdade; é, de verdade, triste. Suas duas metades não se misturam, são estanques, como óleo e água. Mas são ambas verdadeiras. Seu sorriso me dá vontade de sorrir. Seu choro disfarçado de sorriso, sua angústia contida, parece um grito, um gemido, um pedido de socorro, que eu creio ter ouvido.


200 ACESSOS POR DIA


Prezados amigos leitores deste blog,
Pelas estatísticas do blog, ele tem, em média, 180 a 200 acessos por dia. Agradeço o seu interesse e a sua companhia.
Ficaria satisfeito se alguns leitores se identificassem para eu ter uma ideia de quem são, de onde são, do que lhes interessa, em que posso melhorar e em que posso colaborar mais. Pergunto ainda se o blog tem sido útil de alguma forma e em quê.
Obrigado,
Paul Krause
 
 

PENITÊNCIA NO TEMPO PASCAL


Resposta que obtive da Equipe do Padre Paulo Ricardo, por e-mail:
"Salve Maria!
Caríssimo Paul,
Muito obrigado por sua mensagem!
No tempo Pascal, a abstinência de carne das sextas-feiras, só não é obrigatória na Oitava da Páscoa. Além disso, as quartas e sextas-feiras são dias penitenciais, por isso não há nenhuma proibição de fazer jejuns e abstinências nesses dias. Além disso, em outros dias da semana não penitenciais e até no Domingo também pode-se fazer jejuns e penitências. A Igreja nunca colocou proibição de jejuns e penitências. Somente há os dias mais apropriados, mas se alguém quiser fazer jejuns e penitências em outros dias, podem fazer normalmente.
Qualquer dúvida, por favor, entre em contato conosco.
Obrigado por fazer parte de nossa família.
Contamos com as suas orações!
Deus o abençoe sempre.
Natalino | Equipe CNP | padrepauloricardo.org"

CERCO DE JERICÓ DO CARMO


Fachada da Igreja do Carmo, no Carmo-Sion

Caro amigo, gostaria de convidá-lo ou reforçar o convite para 7 dias de intimidade com Cristo, para conversamos com Ele como um grande, fiel e verdadeiro amigo.

Será uma forma de começarmos muito bem o mês de maio, mês de Maria, nos 100 anos das aparições de Nossa Senhora do Rosário em Fátima.

É uma oportunidade de estarmos 7 dias diante do Santíssimo Sacramento exposto, rezando o rosário e podendo ganhar uma indulgência plenária por dia.

Trata-se do Cerco de Jericó na Igreja do Carmo, do dia 1.o ao dia 7 de maio, sempre das 13 às 15:30h.  Entrada pela Rua Grão Mogol, 502.

Convide seus amigos e familiares! Vá nem que seja para um terço só ou uma Ave-Maria. Dom Bosco muito recomendava as visitas ao Santíssimo, ainda que curtas.

Jesus Cristo, nosso amigo, quer estreitar a amizade conosco. Correspondamos!

Comecemos bem com São José Operário, no dia 1.o.

Grupo do Rosário

quinta-feira, 27 de abril de 2017

SÃO JOÃO DA CRUZ, O DOUTOR MÍSTICO


São João da Cruz é apelidado de "doutor místico". Estou muito impressionado com o seu "Subida do Monte Carmelo". Estou lendo as Obras Completas. Faria bem a algumas pessoas dadas a revelações privadas ver como o "doutor místico" tem o pé no chão em relação a essas coisas, encaminhando a alma pela noite escura dos sentidos e pela noite escura da fé em direção à união divina ou matrimônio místico (ou espiritual).
 
Santa Teresa alcançou o mais alto grau de perfeição, o do matrimônio místico, graças à intervenção de São João da Cruz, que um dia lhe deu uma hóstia partida, sabendo do apego que a santa tinha a hóstias grandes. Ao comungar, ali, no Mosteiro da Encarnação de Ávila, de que era priora e São João da Cruz, confessor, Cristo apareceu-lhe, ofereceu-lhe um dos cravos da Sua Mão e disse-lhe que esse era o sinal de que a partir dali ela seria sua esposa.
 
Alguns biógrafos dizem que, a essa altura, mesmo sendo bem mais novo, São João da Cruz já havia atingido o ápice da mística, já tinha alcançado o estado do matrimônio espiritual, que equivale às sétimas moradas da alma, na terminologia de Santa Teresa.
 
Santa Teresa e São João da Cruz, pais e reformadores do Carmelo, mestres da espiritualidade, em quem a mística atingiu o mais alto grau, rogai por nós!


segunda-feira, 24 de abril de 2017

O BRASIL É UM PAÍS SEM LEI


Algumas pessoas e empresas se comportam em nosso país como se não houvesse lei para elas. Desde 22 de março de 2017, há mais de 30 dias, solicitei a portabilidade de 3 linhas telefônicas, de um pacote, da Oi para a NET-CLARO. O prazo fixado pela Anatel para a realização da portabilidade é de 3 dias, isto é, dez vezes menor. Mesmo depois de muito reclamar com todas as operadoras envolvidas e com a própria Anatel, uma das minhas linhas permanece sem a migração, sem a portabilidade. Nem sequer recebo uma resposta da NET, que simplesmente ignora solenemente, debochadamente, as reclamações que fiz à Anatel. Parece que não existe lei neste país! Ou que a lei é seletiva, só vale para os pobres mortais! Os Raskólnikovs continuam deitados em berço esplêndido, deleitando-se! Mesmo com o que vem acontecendo com a Odebrecht e com a operação Lava Jato, algumas pessoas e empresas não acordaram.

Lei para a NET-CLARO e para a OI! É só o que eu peço, é só o que eu exijo!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

"TU O DIZES: EU SOU REI"




"Tu o dizes: eu sou rei." Muitos zombaram da realeza de Cristo. Mas hoje quem é Pilatos, quem é Herodes, quem é César? Quem se lembra deles? Quem os venera? Jesus Cristo conta com mais de um bilhão de seguidores, possui os mais belos templos, as mais belas músicas e as mais belas obras de arte da face da terra. Na verdade, quem zombou da realeza nos moldes humanos foi Cristo. Pensavam zombar Dele. Foi Ele quem zombou de nós.

terça-feira, 11 de abril de 2017

UMA RESPOSTA LÓGICA A UMA QUESTÃO POUCO LÓGICA


Alega-se que a eternidade do inferno é injusta e que Deus não é bom.
Responde-se.
O pecado é uma ofensa contra Deus, ser infinito, portanto, exige uma reparação infinita.

Deus nos dá o ser e a existência, mas não nos obriga a amá-lo. Quem não o ama não participa de bem algum, porque Deus é o bem infinito, de que todos os bens finitos participam.

Fora da comunhão com Deus os seres racionais conservam a existência, mas ficam privados da participação nos bens divinos. Quem não quis o principal, por que quererá ou merecerá o acessório? A maior pena do inferno é não participar da vida divina, não estar em comunhão com a Trindade.

O assassino não fica na cadeia pelo tempo que durou a execução do crime, mas em proporção com a sua gravidade. Do contrário, quem matasse alguém com um tiro certeiro ficaria na cadeia 10 segundos e quem matou por estrangulamento, 10 minutos. Portanto, no próprio Código Penal, mesmo nas leis penais, a dureza das sanções é proporcional à gravidade dos delitos e não à maior ou menor duração dos atos de execução. Portanto, não se pretenda que os pecados cometidos no tempo não possam ser punidos com a eternidade, pois o que importa é a gravidade da ofensa, não a duração.

Deus respeita o homem, mas se respeita.

Jesus é bom, mas não é bobo.

Jesus é Deus.

Fé não é sentimentalismo. É adesão da razão.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

SEMANA SANTA


Algumas informações importantes sobre a Semana Santa.
Dia de preceito é só o domingo de Páscoa (quem assiste à Vigília Pascal já cumpre o preceito). É o que decorre do Código de Direito Canônico [cânon 1246] e do Catecismo da Igreja Católica [§ 2177]. Obviamente, o bom católico não vai contentar-se apenas com cumprir o mínimo, mas participará ao máximo das celebrações.
A obrigação de comungar pelo menos uma vez por ano, na Páscoa, pode ser cumprida durante todo o tempo pascal, que vai da Vigília Pascal a Pentecostes. É conveniente aproveitar a oportunidade para cumprir outro mandamento da Igreja: o de confessar, pelo menos uma vez por ano, os pecados graves. Trata-se aqui, obviamente, da confissão individual ou auricular, pois a confissão comunitária só é válida para situações graves, previstas no Código Canônico e no Catecismo.
Na sexta-feira santa, pode-se lucrar indulgência plenária ao participar-se da adoração da Cruz na solene ação litúrgica, às 15 horas. Diz a norma do Manual de Indulgências:

 "Concede-se indulgência plenária ao fiel que, na sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor, toma parte piedosamente na adoração da Cruz da solene ação litúrgica."
 
No domingo de Páscoa, há a bênção "Urbi et orbi", à cidade [de Roma] e ao mundo, dada pelo Papa, que também confere a indulgência plenária, podendo ser acompanhada pelo rádio, pela televisão ou pelos meios modernos de comunicação. Não nos esqueçamos nunca, para lucrar qualquer indulgência, de rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória ao Pai nas intenções do Papa. As orações pelo Papa são condições sempre necessárias, como o são o estado de graça, a confissão individual e a comunhão, além do desapego aos pecados veniais. A bênção "Urbi et orbi" é dada mais ou menos ao meio-dia, em seguida da oração da "Regina Coeli", que substitui o "Angelus" em todo o tempo pascal.

A bênção "Urbi et orbi" costuma passar na Canção Nova, meio-dia e meia.

O jejum da sexta-feira santa se cumpre fazendo uma refeição completa, isto é, até a saciedade, e duas refeições leves, sem chegar à saciedade, ingerindo apenas a metade do habitual. Por exemplo: um almoço normal e modesto [deve-se evitar a famosa bacalhoada, prato requintado] e dois lanches leves, com redução à metade da quantidade habitual de alimento nestes dois. O jejum obriga dos 18 aos 59 anos.
A abstinência de carne e de seus derivados obriga os maiores de 14 anos até o fim da vida. Ao contrário do que ocorre nas outras sextas-feiras do ano [que não coincidam com dias de solenidade], na sexta-feira santa não é permitido substituir a abstinência de carne por uma obra de caridade ou um ato de piedade.

Outro dado importante é que o jejum e a abstinência mencionados constituem matéria grave, isto é, são matéria de pecado mortal.

sábado, 8 de abril de 2017

INDULGÊNCIA PLENÁRIA DA SEXTA-FEIRA SANTA


Recordo aos amigos que a participação da Celebração da Adoração da Cruz às 15 horas na sexta-feira santa confere indulgência plenária, desde que preenchidas as condições habituais: estado de graça, confissão individual, comunhão e orações pelo Papa.

Não se esqueçam, pois, do Pai-Nosso, da Ave-Maria e do Glória ao Pai pelas intenções do Papa!
 
 
 

quinta-feira, 23 de março de 2017

O FEMINISMO É UM CHARLATANISMO INTELECTUAL


Dia 8 de março foi dia das mulheres, ocasião em que a militância feminista se agitou em todo mundo, em mais um sinal de revolta e desobediência ao Criador ou, se preferirem, de revolta contra a natureza e a criação. Não preciso de mais provas de que o diabo existe: a reivindicação do aborto como direito é a maior delas. É como se as Nações oferecessem a Satanás, num culto macabro e sangrento, sacrifícios humanos dos seres mais inocentes que existem. Sabe-se que no passado algumas religiões funestas ofereciam aos deuses o sacrifício de virgens e de crianças. Isso não é de espantar, pois, diz a Escritura, que o diabo é homicida desde o princípio. Abel, o inocente, que o diga. O grande Santo Agostinho já advertiu que os demônios se escondem por trás e recebem o culto prestado a toda falsa divindade. A liberdade tratada como um dogma ou totem absoluto, também é um deus falso, perante o qual se imolam vítimas inocentes.
 
Pois bem. O aborto é o egoísmo elevado à última potência. Quando um Estado o permite, a própria ordem jurídica é o altar em que o sacrifício humano se realiza. Parlamentos e tribunais ficam manchados de sangue, sangue este que clamará aos céus, como fez o de Abel.

Feitas essas observações, é preciso reconhecer, sem meias palavras, que o feminismo é uma grande impostura, uma espécie de sofisma ou charlatanismo intelectual. Sim, porque, se ele pretendesse defender os direitos das mulheres, de todas as mulheres, só aceitaria o aborto de embriões ou fetos do sexo masculino. Claro! Se algumas mulheres são abortadas, elas não poderão exercer o direito ao aborto. Estou esperando surgir alguma feminista coerente, que leve sua coerência às últimas consequências e defenda o aborto apenas de fetos masculinos.
 
Mas o feminismo não defende a igualdade entre as mulheres. Não defende a sua igualdade em relação aos homens. A argumentação adotada é mero pretexto. É uma cortina de fumaça para ocultar suas verdadeiras intenções. Somente pessoas ingênuas perdem tempo procurando encontrar algum fundamento razoável em tal espécie de ideologia. O feminismo esconde uma indisfarçável revolta contra o Criador e contra a natureza. É uma reprise do pecado original, em que o homem quis, ele mesmo, definir o bem e o mal, em vez de reconhecê-lo e recolhê-lo na ordem natural. Sim, o pecado original e o pecado atual são uma rebeldia contra a ordem das coisas. São uma não aceitação da realidade, a criação de um universo paralelo desconectado do real. É uma espécie de entorpecente que nos deixa alienados.
 
 

sábado, 4 de março de 2017

DEUS É TODO-PODEROSO

A teologia ou heresia da libertação é uma desgraça tão grande que a maior parte dos padres de Belo Horizonte altera o Missal Romano porque tem trauminha ou medinho de dizer "Deus 'Todo-Poderoso'". Eles dizem "Todo-Misericordioso" ou "Todo-Amoroso". É como se a expressão "Todo-Poderoso" assustasse ou intimidasse os fiéis. 

Prestem atenção nessa bobagem sem limites! É o cúmulo da asneira politicamente correta. Na verdade, os atributos de Deus estão longe de ser bem descritos pelas nossas palavras; estão infinitamente acima das nossas categorias humanas. Estejamos seguros de que Deus é muito mais poderoso do que dá ideia a expressão "Todo-Poderoso". Ele é o próprio Poder, o Poder em Pessoa. E muito mais do que o nosso vão discurso pode tentar descrever. É bom nos acostumarmos com essa realidade, porque um dia nos encontraremos face a face com o Poder.

Há um daqueles sacerdotes, petista de carteirinha e frequentador de passeatas, que se atreve a modificar a fórmula do Sinal-da-Cruz. Ele diz: "Em nome do Pai, que é Mãe, do Filho e do Espírito Santo". Nas orações da Missa, como a coleta, logo antes da liturgia da palavra, o mesmo confuso presbítero convoca "a todos e a todas" para rezar a oração privativa do celebrante. Ora, o rito da Missa não pode ser alterado de qualquer forma e por qualquer um. As autoridades competentes da Igreja contam com a inspiração de Deus para dispor sobre os ritos litúrgicos. Cada palavra, cada gesto têm o seu sentido. Não estão ali por acaso. Padre não pode alterar ao seu talante o sagrado rito da Missa.

A teologia da libertação destruiu por dentro grande parte da Igreja do Brasil. Dioceses inteiras foram arruinadas do ponto de vista espiritual e moral. São cadáveres insepultos, que exalam o cheiro da morte e que alguém se esqueceu de enterrar. Contudo, não devemos desanimar, pois, se Deus nos permitiu viver nessas circunstâncias de tempo e de lugar, é porque conta conosco e deseja que nos santifiquemos por e no meio dessas adversidades.

"Pode por acaso vir coisa boa de Nazaré?", disse São Bartolomeu, que não era nem um pouco dissimulado, nem um pouco politicamente correto. Nosso arruinado mundo pós-Reforma Protestante e pós-Revolução Francesa, vive uma crise de paternidade e de autoridade, de que é exemplo a queda de inúmeras monarquias em todo o globo terrestre.

Mas o mesmo decadente mundo já está cansado de tanta suscetibilidade e tanto comportamento afeminado. Há sinais de esgotamento do modelo sentimentalóide. A ascensão de Trump e de tantos outros sem papas na língua demonstra o resgate de um senso de autoridade e de virilidade que havíamos perdido.

Nosso Senhor não censurou Natanael (São Bartolomeu) por criticar-lhe a cidade de origem. Antes, fez-lhe um grande elogio: "Eis um verdadeiro israelita no qual não há fingimento!" O próprio Jesus Cristo não hesitou em pegar do chicote e em jogar as mesas dos cambistas no chão quando achou necessário. Se repararmos bem, alguns de seus discursos são duríssimos, incrivelmente violentos contra os fariseus, sempre amigos da forma e da aparência, nem sempre amigos da verdade e do bem das almas.

Portanto, abençoe-nos Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. E viva Cristo Rei!


domingo, 26 de fevereiro de 2017

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: VÍDEO INDISPENSÁVEL


Prezado leitor, peço-lhe que não deixe de assistir este vídeo indispensável, em que o Padre Paulo Ricardo explica com riqueza de detalhes, com base no pensamento do Cardeal Ratzinger, a heresia global da libertação:


Assista e divulgue ao máximo!


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

ESCÂNDALO INTERNACIONAL: ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE PROFESSA A IDEOLOGIA DE GÊNERO

Obviamente, não podemos concordar com o tom nem sempre respeitoso do site "FratresInUnum". Mas a notícia por eles traduzida e destacada é fidedigna, a fonte é abalizada (InfoCatólica). O caso deve levar-nos a uma profunda reflexão e interpelar-nos: será que estamos fazendo o suficiente para mudar os rumos tomados pela Arquidiocese de Belo Horizonte, claramente adepta da teologia da libertação? Será que rezamos o bastante, que nos movemos o suficiente?

 (Paul Medeiros Krause)




Por FratresInUnum.com: Publicamos abaixo a tradução da estarrecedora notícia veiculada pelo site espanhol InfoCatólica: a Arquidiocese de Belo Horizonte assume a ideologia de gênero em suas diretrizes pastorais.
 
Diz o texto do documento, encontrado no próprio site da arquidiocese:
O Matrimônio, no qual mulher e homem procuram, segundo a graça de Deus, corresponder ao mais profundo de sua vocação, tem valor para a Igreja e para a sociedade, e não restringe a compreensão da existência de outras configurações familiares, oriundas de situações sociais, culturais, econômicas e religiosas diversas. Compreende-se, então, que a família é a união das pessoas na consciência do amor, ‘cuja força […] reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar’, constituindo um núcleo fundamental das sociedades. Como Igreja doméstica, a família precisa ser, constantemente, valorizada nas suas particularidades e pluralidades, que enriquecem a Igreja. Por isso, devemos:
“Promover ações pastorais capazes de dialogar e de acolher todas as famílias, em suas mais diversas configurações, com respeito e zelo, a fim de que elas se sintam pertencentes, de fato, à comunidade que edificam com seu testemunho de amor. Cuide-se para que essa perspectiva inclua, também, os casais de novas uniões, os casais de não casados na Igreja, os divorciados, ofertando a todas essas famílias qualificado serviço de acolhimento. Atente-se para que, nesse mesmo horizonte, sejam acompanhadas as pessoas em suas diferentes IDENTIDADES SEXUAIS (gays, transexuais, lésbicas, travestis, transgêneros e bissexuais)”.
“Outras configurações familiares”? “Identidade sexual”? “Transgêneros”? Conceitos forjados pelos autores da conhecidíssima “ideologia de gênero”.
 
Como assim?… A Arquidiocese de Belo Horizonte está jogando no lixo todo o trabalho do laicato católico contra a “ideologia de gênero” e a favor da família natural realizado heroicamente no último ano? Está se colocando ao lado de todos os inimigos da Igreja e da família, subscrevendo a sua ideologia?
 
walmoroliveira
Dom Walmor, Arcebispo de Belo Horizonte: portas escancaradas ao lobby gay.

Pois bem, a Arquidiocese de Belo Horizonte, pelo jeito, parece que resolveu aderir abertamente à ideologia de gênero. Mera ignorância ou pura malícia? Parece que a última alternativa é a verdadeira, por que isso não é de hoje, nem por acaso, mas com todo conhecimento de causa.
 
Como já noticiamos anteriormente, a própria PUC-BH realizou um evento para promover a ideologia de gênero, e em suas versões mais radicais, em que se fala, inclusive, de “heterossexualidade forçada” (sic!).
 
Ademais, através de uma portaria assinada por seu reitor, o bispo Dom Joaquim Mól (ele mesmo, aquele que fez o “grito da menina-moça”, num trio-elétrico da CUT), a PUC-BH aderiu à política do “nome social” para os alunos trans (sic!), como efusivamente noticiou o site GuiaGay.
 
Algumas perguntas inquietantes:

– Por que o Sr. Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo é, assim, tão complacente com o lobby gay, a ponto de colocar explicitamente no Plano de Pastoral de sua Arquidiocese algo tão escandalizante e clamoroso?
(Se algum leitor tiver alguma resposta para essa nossa intrigante dúvida, por favor, não deixe de nos enviá-la).
 
– Onde está o Sr. Núncio Apostólico, Dom Giovanni D’Aniello, que não tem tempo de ver essas coisas, mas teve tempo para perseguir Dom Aldo Pagotto, obrigado-o a renunciar por razões que ele mesmo desconhece? As acusações contra Dom Aldo foram bastante desacreditadas, mas, mesmo que fossem verdadeiras, nem chegam perto desse abuso: usar a Igreja para a difusão dessa ideologia!
 
O Sr. Núncio vai agir ou vai esperar que as acusações cheguem à Santa Sé? O Sr. concorda com isso, Sr. Núncio?
 
Não deixe de expressar sua perplexidade às autoridades competentes:

 
NUNCIATURA APOSTÓLICA
Excelência Reverendíssima Dom Giovanni D’Aniello, Núncio ApostólicoAv. das Nações, Quadra 801 Lt. 01/ CEP 70401-900 Brasília – DF
Cx. Postal 0153 Cep 70359-916 Brasília – DF
Fones: (61) 3223 – 0794 ou 3223-0916
Fax: (61) 3224 – 9365
E-mail: nunapost@solar.com.br

* * *
 
SECRETARIA DE ESTADO DA SANTA SÉ:
Eminência Reverendíssima Dom Pietro Parolin
Palazzo Apostolico Vaticano
00120 Città Del Vaticano – ROMA
Tel. 06.6988-3438 Fax: 06.6988-5088
1ª Seção Tel. 06.6988-3014
2ª Seção Tel. 06.6988-5364
e-mail: vati026@relstat-segstat.vavati023@genaff-segstat.va ; vati032@relstat-segstat.va

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CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
Eminência Reverendíssima Dom Gerhard Ludwig Müller
Palazzo del Sant’Uffizio, 00120 Città del Vaticano
E-mail: cdf@cfaith.va – Tel. 06.6988-3438 Fax: 06.6988-5088

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CONGREGAÇÃO PARA O CLERO

Eminência Reverendíssima Dom Beniamino Stella
Piazza Pio XII, 3 00193 – Città del Vaticano – ROMA
Tel: (003906) 69884151, fax: (003906) 69884845
Email: clero@cclergy.va (Secretário)

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SUPREMO TRIBUNAL DA ASSINATURA APOSTÓLICA
Excelência Reverendíssima Dom Dominique Mamberti
Piazza della Cancelleria, 1 – 00186 ROMA
Tel. 06.6988-7520 Fax: 06.6988-7553

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A Arquidiocese de Belo Horizonte adota a ideologia de gênero em suas diretrizes pastorais
 
A Arquidiocese de Belo Horizonte recorreu, em suas diretrizes pastorais para os próximos cinco anos, à tese da ideologia de gênero ao abordar seus compromissos de atenção à família.
 
Por InfoCatolica Brasil | Tradução: FratresInUnum.com: O livreto “Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra” relativiza a compreensão da instituição familiar, abrindo-a à configurações diferentes da configuração natural, e sugere que as pessoas possam ter “identidades sexuais” que não correspondam com aquelas às quais nasceram.
 
O texto, de 31 páginas, apresenta dez prioridades pastorais e especifica as diretrizes que serão desenvolvidas pelas diversas instâncias eclesiais da arquidiocese. Quatro parágrafos abordam o compromisso pastoral com a família e neles estão presentes afirmações que adotam a perspectiva da chamada ideologia de gênero.
 
Um dos parágrafos explica que “O Matrimônio, no qual mulher e homem procuram, segundo a graça de Deus, corresponder ao mais profundo de sua vocação, tem valor para a Igreja e para a sociedade, e não restringe a compreensão da existência de outras configurações familiares, oriundas de situações sociais, culturais, econômicas e religiosas diversas”.
 
Em seguida afirma que “Compreende-se, então, que a família é a união das pessoas na consciência do amor, ‘cuja força […] reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar'”.
 
Ao definir a família como simples união de pessoas no amor e omitir que esta surge da união conjugal de um homem e uma mulher o documento aponta para uma interpretação muito mais ampla da instituição familiar e a relativiza, no mesmo sentido que propõe Judith Butler.
 
A professora do departamento de retórica e literatura comparada da Universidade da Califórnia, em Berkeley, aponta em uma entrevista ao periódico argentino Página 12 que “deve-se distinguir família de parentesco […] estas instituições devem abrir-se a mundos mais amplos, não é necessário estarem unidos por sangue ou pelo matrimônio para que sejam essenciais uns para os outros”
 
Manipulação do ponto 53 de Amoris Laetitia
 
Na definição de família oferecida no documento da arquidiocese faz-se referência, como se fosse fundamento, ao número 53 da exortação apostólica Amoris Laetitia.
 
Entretanto, ao recorrer ao texto pode-se constatar que há uma evidente tegiversação das palavras do Pontífice. O número 53 afirma que “Avança, em muitos países, uma desconstrução jurídica da família, que tende a adoptar formas baseadas quase exclusivamente no paradigma da autonomia da vontade.”
 
Também indica a necessidade de não depreciar o verdadeiro sentido do matrimônio, pois “A força da família «reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar”. Portanto, as palavras citadas entre aspas nas diretrizes diocesanas estão claramente fora do contexto em que foram originalmente apresentadas.
 
Outro parágrafo aborda a necessidade de acolher todas as famílias “em suas mais diversas configurações, com respeito e zelo, a fim de que elas se sintam pertencentes, de fato, à comunidade”
Orienta-se que nesta perspectiva incluam-se os divorciados em uma nova união civil, os que não estão casados na Igreja e os divorciados oferecendo-lhes um “qualificado serviço de acolhimento”. Até aqui as orientações de acolhida estão em consonância com a atitude solicitada pelo Papa Francisco de acolher e acompanhar aqueles que estão feridos.
 
Porém, a última linha do parágrafo afirma “Atente-se para que, nesse mesmo horizonte, sejam acompanhadas as pessoas em suas diferentes identidades sexuais (gays, transexuais, lésbicas, travestis, transgêneros e bissexuais)”.
 
Esta frase adota de forma plena, sem utilizar o termo gênero, a perspectiva ideológica da “gender theory” ao utilizar o conceito de “identidade sexual” como passível de diversas variantes das entidades feminina e masculina.
 
Também não utiliza o termo “tendência sexual” ou “orientação sexual”, que possibilita entender que não devem ser excluídos de acompanhamento pastoral as pessoas que experimentam atração por pessoas do mesmo sexo.
 
Fala-se de “identidades sexuais” elencando, entre as possibilidades, o “transgênero”. Como é sabido, isto se refere a pessoas que afirmam ter uma identidade que não corresponde ao sexo biológico. Exatamente um dos aspectos essenciais da ideologia de gênero, que até leva à reivindicação do reconhecimento de um “nome social”.
 
Apesar disso, na carta de apresentação do documento, o arcebispo de Belo Horizonte, Mons. Walmos Oliveira de Azevedo, afirma que o foco, eixo e ponto de partida para a evangelização em sua diocese é “proclamar a Palavra de Deus”.
 
Nas primeiras páginas do documento adverte que se assumiu um novo paradigma pastoral desenhado sobre os pilares da eclesiologia “resgatada” pelo Concílio Vaticano II:
 
“O Concílio elaborou a compreensão da Igreja como Povo de Deus, que dialoga com a sociedade […], distanciando-se do eclesiocentrismo medieval, do clericalismo e da romanização do catolicismo tridentino, assumindo, assim, uma eclesiologia de comunhão”
 
O “Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra”, aprovado pelo Arcebispo de Belo Horizonte e que leva como data de publicação a 8 de Dezembro, pode ser lido na página da web da arquidiocese.
 
Os parágrafos destacados que abordam o compromisso com a família estão nas páginas 18 e 19.
 
De acordo com o arcebispado, o documento em questão é a síntese das contribuições oferecidas pelo clero aos fiéis em um amplo processo de consulta denominado 5.ª Assembleia do Povo de Deus.
 
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O "CHIP" NÃO É A MARCA DA BESTA


Pessoas inteligentes hão de entender que o sinal da besta não tem nada a ver com chip implantado na mão. Isso é uma grande bobagem. Tem a ver com nossos pensamentos e ações, simbolizados pela marca na cabeça e na mão, como ensinou Santo Agostinho no século V, ao interpretar o Apocalipse, no "A Cidade de Deus". O chip, como qualquer produto de desenvolvimento tecnológico ou científico, é moralmente neutro. O seu uso é que pode ser bom ou mau. Se o uso de chip implantado na mão não fizer mal à saúde e for útil, não há por que considerá-lo um uso mau.