sábado, 30 de agosto de 2014

CONVENTO DOMINICANO DE SANTO ESTÊVÃO EM SALAMANCA



Os guias não o mencionam com tanta ênfase, mas o Convento dominicano de Santo Estêvão de Salamanca é a segunda mais bela atração da cidade, perdendo apenas para a esplêndida catedral. Trata-se de um convento de proporções colossais, do século XVI, e em que se confessava Santa Teresa enquanto morou em Salamanca, fundando uma de suas casas, um dos Monastérios Carmelitas Reformados. Não pude fotografar, mas lá é indicado o confessionário que ela utilizava.




 
 
 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

SÃO JOSÉ DE ÁVILA

O Convento de São José de Ávila, o primeiro e mais importante dos fundados por Santa Teresa de Jesus, em sua reforma do Carmelo, após a Missa Solene de comemoração dos 452 anos de fundação, ocorrida em 24 de agosto de 1562, dia de São Bartolomeu, apóstolo.

Os santos são no céu como foram na terra. Na foto, são José se mantém na penumbra, na escuridão, assim como se manteve no evangelho e em toda a sua história, para que só Cristo aparecesse.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

SALAMANCA



Estou de férias em Salamanca e só tenho a dizer que a sua beleza ofende, pesa, machuca e dói.

 


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O PECADO MORTAL



Espero ainda viver muitos anos, embora só Deus saiba que dia serei chamado a comparecer perante o seu tribunal, que é, a um só tempo, tribunal de justiça e tribunal de misericórdia. Creio até que se trate mais de tribunal de misericórdia, mas não daquela bagunça que alguns imaginam, que elimine o inferno e empurre para o paraíso os que se obstinam no pecado contra o Espírito Santo, em suas duas formas clássicas: o desespero e a presunção. Como não sei quanto tempo me resta, gostaria de chamar a atenção do leitor para um tema de especial relevância: o pecado mortal.

 

Faço-o em razão da gravidade do tema e da sensação de que me incumbe pessoalmente suprir uma lacuna que percebo nos meios em que gravito ou circulo. Se eu não falar, quem falará? Se eu não o avisar, quem o avisará? Tenho especial aversão aos pecados por omissão. Eu não gostaria que alguma alma se condenasse por uma omissão minha. Dar-me-ei por inteiramente satisfeito se pelo menos uma pessoa for auxiliada a escapar da condenação eterna ao ler este texto.

 

Por vezes, tenho a sensação de que o ser humano tem a estranha capacidade de ocupar-se de bagatelas, de olvidar o essencial. Vejo tantas pessoas se deleitando com o mundo, se lambuzando com o século como se ele fosse definitivo, passeando pelos shoppings como se eles fossem o sétimo céu, que isso só faz agravar a minha preocupação com a salvação das almas, especialmente da minha, igualmente mergulhada neste oceano de frivolidades. Parecemos milhões e milhões de sonâmbulos que se movem num mundo de sonhos, sem distinguir o mundo real.

 

Há uma frase, creio que de Dom Bosco, de quem eu possuo um quadro pendurado na parede do meu quarto, que diz: “Quem se salva, salva tudo; quem se perde, perde tudo”.

 

Pois bem, leitor. Se quem se salva, salva tudo, e quem se perde, perde tudo, que é necessário para salvar-se? Que pode levar-nos à perdição eterna?

 

Para salvar-se é preciso estar na graça de Deus, na graça santificante, na amizade com Deus. Trazer a veste batismal, a veste da graça. A nudez de Adão e Eva após o pecado original é a mais radical que pode existir: a nudez de uma alma sem o Espírito Santo, sem a vida divina habitando nela. Essa nudez é a maior de todas as desgraças, diria até que é a única desgraça, pois quem se salva, salva tudo.

 

Diante isso, é preciso ter bem claro que o homem só possui um verdadeiro inimigo sobre a terra: o pecado mortal. O pecado venial adoece, arranha, prejudica a vida divina em nossa alma, diminui a graça em nossa alma, mas não a elimina, não a mata. O pecado venial não condena ao inferno, o mortal, sim. As tentações do demônio podem até fazer-nos progredir na vida espiritual, se a elas resistimos, mas o pecado mortal nos arruína totalmente.

 

Que é o pecado mortal? É uma transgressão grave da lei divina, consciente e livre. Ele exige três requisitos: 1.º) que se trate de matéria grave; 2.º) pleno conhecimento; e, 3.º) pleno consentimento. Sem um dos requisitos, de mortal o pecado passa a venial.

 

Para verificar-se se algo é matéria grave é preciso consultar o Catecismo da Igreja Católica. Costuma-se dizer que matéria grave consiste em transgressão a algum dos dez mandamentos. Isso não deixa de ser verdade, mas nem sempre é suficientemente claro para esclarecer a consciência do fiel. A doutrina da Igreja explicita para nós o que é matéria grave. Daí a necessidade de consultar-se o catecismo ou outros documentos do Magistério ou então um confessor bem formado.

 

Obviamente, o fiel não poderá alegar ignorância diante de Cristo, se possuía os meios de conhecer a gravidade de um pecado e deixou de fazê-lo propositadamente.

 

Quem se encontra em pecado mortal, se morrer sem se arrepender, será condenado ao inferno. Até o último instante a pessoa poderá arrepender-se, mas deve tratar-se de arrependimento autêntico, arrependimento válido, de contrição perfeita. Se nos acostumarmos a viver nesse estado de pecado e formos surpreendidos pela morte, quem nos garantirá que teremos uma contrição perfeita na hora da morte? Não basta a atrição, ou contrição imperfeita, que surge pelo medo da pena, pois ela não perdoa pecados. Muitos santos testemunham que nesse crucial instante da morte é que nós seremos mais tentados pelo demônio, pois trata-se da hora decisiva, em que ele ganha ou perde mais uma alma, invejoso que é e desejoso da perdição do homem.

 

Será por alguma razão ociosa que em todas as Ave-Marias invocamos a proteção de Nossa Senhora para o momento de nossa passagem ao outro mundo?

 

Se, pois, acontecer-nos de morrer sem confissão, temos o último recurso do ato de contrição perfeita, do arrependimento perfeito, que é o que se faz sem qualquer interesse, sem desejo do céu, sem temor do inferno, mas exclusivamente por amor a Deus, sentindo pesar de ter ofendido quem é tão bom.

 

Convém, porém, que não nos fiemos nisso e preparemo-nos desde já para uma boa morte, servindo-nos de todos os meios que a Igreja põe à nossa disposição: confissão mensal, comunhão frequente, vida de oração e mortificação. Sem a frequência aos sacramentos, sem a força de Deus que vem da oração, sem a mortificação que fortalece a nossa vontade para o combate das tentações, como venceremos? Lembremo-nos de que o demônio não dorme e que é uma criatura angélica, mais forte do que nós. Para vencê-lo, precisamos que Deus nos empreste a sua força, que nos vem por esses canais, por esses meios.

 

Já há algum tempo eu queria escrever este texto para alertar aqueles que vivem em perigo objetivo de condenação. Para aqueles que vivem permanentemente em pecado mortal, em situação de pecado grave, adiando a regularização da sua vida espiritual. Só Deus sabe se, afinal, você se condenará, mas vale a pena correr o risco de perder tudo? De que terá adiantado o prazer sexual ilícito de quinze minutos diante do tormento eterno? De que terá valido um gozo momentâneo, seja lá de que natureza for, um prato de lentilhas, diante da eternidade? Um átimo em relação ao tudo?

 

Quero dirigir um alerta especial, pois, aos que vivem em situação irregular perante a Igreja, com vida sexual fora do matrimônio (sejam solteiros, casados ou separados), aos casais regularmente unidos pelo sacramento do matrimônio mas que fazem uso de métodos anticoncepcionais artificiais ou recorrem a métodos de fecundação artificial (bebês de proveta), aos que perdem missa aos domingos e em dias santificados. Tudo isso é matéria grave. Ao conhecermos o que a Igreja diz a respeito desses assuntos, transgredindo seus ensinamentos, nós nos encontramos em perigo objetivo de condenação. Por que eu digo objetivo? Porque a nossa responsabilidade, a nossa culpa subjetiva, eventuais atenuantes, somente Deus conhece. Mas, repito, em assunto tão grave, tão fatal, tão decisivo, vale a pena expor-nos ao risco?

 

Eu nem quero falar dos que, em estado de pecado mortal, recebem a comunhão. Por exemplo: dos casais descasados em segunda união, dos que utilizam métodos anticoncepcionais artificiais, dos que têm vida sexual antes ou fora do casamento e comungam. Aí há um acréscimo de malícia, há um sacrilégio, comunhões sacrílegas. Deus nos livre disso! São Paulo diz que quem recebe o Corpo e o Sangue do Senhor sem estar preparado, come e bebe a própria condenação. Não façamos isso!

 

São Francisco de Sales traz-nos um ensinamento que pode estimular-nos a não desanimar a recorrer sempre à confissão para voltar à graça de Deus após uma queda. Diz ele, no “Tratado do amor de Deus”, que todas as nossas boas ações perdem seu mérito sobrenatural, perdem seu valor, quando cometemos um só pecado mortal. Tais boas ações podem até ter algum valor humano, de civilidade, conter alguma vantagem temporal. Mas, vindo à alma um pecado mortal, elas perderam todo o seu valor para nos ajudar a conquistar o paraíso e para o aumento da nossa glória no céu.

 

O pecado mortal é como o ocorrido com aquele homem que descia de Jerusalém a Jericó. O verbo “descer” dá bem a ideia de queda, de declínio espiritual. De pecado venial em venial, o viajante chegou ao mortal. O homem foi assaltado e deixado como morto na beira da estrada. Assim faz o demônio, espanca-nos, mata-nos e saqueia todos os bens espirituais que trazíamos em nossas almas.

 

Mas aí está a beleza do que São Francisco de Sales diz em seguida: retornando a alma à graça de Deus, Deus restitui o valor sobrenatural a todas as boas obras passadas do penitente. Aquelas boas obras tornadas mortas porque o ramo se separou da videira, tornam a ser vivificadas quando o ramo volta a unir-se à videira verdadeira e a seiva volta a circular por ele.

 

Os cuidados dispensados ao ferido pelo bom samaritano podem bem representar a Igreja com os cuidados dos sacramentos, que curam, vivificam, restabelecem a saúde dos pecadores. O pai restitui integralmente a dignidade do filho pródigo, do filho que estava morto: devolve-lhe o anel, o calçado, dá-lhe roupas novas, a alegria da festa, boa comida e boa bebida. Devolve-lhe seu antigo tesouro. Todas as boas obras antigas do filho pródigo renascem.

 

Pois bem, caro leitor. Dirijo-me a você não como um cumpridor da Lei de Deus, mas como quem, cambaleando ali e tropeçando aqui, caindo acolá, quer contar com o auxílio das suas orações, a fim de que nós nos ajudemos reciprocamente a vencer essa árdua batalha espiritual contra o pecado.

 

 

 

 

Paul Medeiros Krause