quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

DEUS AINDA FALA POR PARÁBOLAS


O evangelho de ontem, memória de Santo Tomás de Aquino, foi o do semeador que saiu a semear. São Marcos acrescenta que, após ter terminado de contar a parábola, arrematando com “quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, quando Jesus ficou sozinho, os que estavam com Ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas, pois Ele também havia contado outras. Ao que o Senhor respondeu: “A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados”.

Certamente, não se trata aqui de má vontade de Deus para com os pecadores. Não é que Ele eleja uns predestinados para salvar, e outros para condenar. Se assim fosse, não haveria sentido na advertência: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. O evangelho trata da resistência do coração humano à voz de Deus, que, por sua vez, não atira pérolas aos porcos, exigindo certa docilidade, boa vontade, receptividade dos seus ouvintes. Cuida-se aqui do espantoso fenômeno da resistência do homem aos apelos da graça, do fechamento do coração, da surdez da alma. Quanto mais o homem está aberto à voz de Deus, mais Deus se lhe revela. Ao dizer “quem tem ouvidos, ouça”, Cristo se refere a uma espécie de sentido ou capacidade interior do homem para compreender a Sua palavra. Ele convida, pois, o homem a aguçar o seu ouvido interior, o ouvido da alma, para poder ouvir a Sua voz.

Há outros pontos importantes no evangelho de ontem. Está dito que alguns ficaram com Jesus e os Doze, depois de a multidão ter ido embora. Penso que não seria absurdo imaginar que esses que ficaram com Cristo e com os Doze, em maior intimidade, podem representar aqueles que pertencem efetivamente à Igreja, aqueles que estão em comunhão com Cristo e com a Igreja. Certamente, na plateia mais ampla, no meio da multidão, poderia haver muitos curiosos ou interesseiros, atraídos pelo desejo de ver ou receber um milagre, ou mesmo inimigos, atentos a eventual 'deslize' do Salvador. Não há dúvida de que na grande plateia havia ouvintes mal dispostos, resistentes à graça de Deus.

Tendo presente que a oração nada mais é do que um diálogo com Deus, uma conversa amorosa e sincera com o Criador, pode-se entender também que os que ficaram com Cristo e com os Doze são as pessoas de vida de oração, as pessoas que rezam. Ora, que é a pergunta que dirigiram a Cristo senão uma oração? Que é a oração senão uma conversa com Cristo? Quantas vezes nas nossas orações diárias também não interpelamos a Deus, dizendo: “explica-nos esses acontecimentos, não estou conseguindo entendê-los”, "qual a razão desse sofrimento, dessa tragédia ou dessa pequena contrariedade?"? Quantas vezes não colocamos aos pés do Senhor, diante dos anjos e dos santos, diante dos Doze!, as nossas perplexidades, as nossas dúvidas, a nossa dificuldade de entender a Sua vontade?

Partindo dessas considerações podemos concluir: quem não desenvolve o seu ouvido interior, quem não procura estar em comunhão com Cristo e com a Igreja, quem não tem intimidade com Ele pela oração, quem não O interpela em diálogos amorosos e sinceros, dificilmente ouvirá a voz de Deus. Ou melhor, ouvirá, mas não entenderá.

É bem por isso ser tão comum ouvirmos dizer: “Deus não fala comigo. Ele parece estar mudo ou longe.” Não! Deus não está mudo. Nem está longe. Ele fala a todo tempo. Mas também hoje, e não somente a dois mil anos atrás, Ele caminha em nosso meio, realiza curas, ressuscita mortos, expulsa demônios e fala por meio de parábolas, isto é, de uma forma que não é evidente de per si. Somente os que procuram cultivar a intimidade com Ele serão convidados a atravessar o aparente muro da falta de sentido das Suas palavras. Nem todos são capazes de compreender os acontecimentos da vida, o modo de Deus falar ao homem. Ainda hoje Cristo repete: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
 

Paul Medeiros Krause

sábado, 24 de janeiro de 2015

PÁGINA DO GUSTAVO CORÇÃO NO FACEBOOK


Prezado amigo seguidor ou visitador ocasional deste blog,

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Um abraço,

Paul

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

SOBRE O RESPEITO À EUCARISTIA


Diante de tantos abusos que se têm visto, verdadeiras profanações e sacrilégios, contra o Augustíssimo Sacramento da Eucaristia, resolvi divulgar algumas normas redigidas pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e aprovadas pelo Papa João Paulo II. É insuportável ver pessoas assistirem à Missa e, pior!, comungarem, mascando chicletes, seminuas ou batendo papo como se estivessem sentadas num banco de praça.
 
Disse-me uma vez um confessor meu: "qualquer desrespeito para com a Eucaristia é mais grave do que uma guerra, por causa da dignidade da Pessoa ofendida. Na guerra, ofendem-se homens. No desrespeito à Eucaristia ofende-se diretamente a Deus".
 
Aí vão as normas:
 
"90. 'Convém que os fiéis comunguem de joelhos ou em pé, de acordo com o que foi estabelecido pela Conferência dos Bispos' e confirmado pela Sé Apostólica. 'Quando, porém, comungam em pé, recomenda-se que, antes de receber o sacramento, façam a devida reverência, a ser estabelecida pelas próprias normas'.
 
91. Na distribuição da santa comunhão, recorde-se de que 'os ministros sagrados não podem negar os sacramentos àqueles que os pedirem oportunamente, que estiverem devidamente dispostos e que pelo direito não forem proibidos de recebê-los'. Portanto, todo católico batizado, que não esteja impedido pelo direito [obviamente que se exige encontrar-se em estado de graça, isto é, em comunhão com Deus, sem pecado mortal], deve ser admitido à sagrada comunhão. Assim sendo, não é lícito negar a santa comunhão a um fiel pela simples razão, por exemplo, de que ele queira receber a Eucaristia de joelhos ou em pé.
 
92. Embora todo fiel tenha sempre o direito de receber, à sua escolha, a santa comunhão na boca, nas regiões onde a Conferência dos Bispos, com a confirmação da Sé Apostólica, permitiu, se um comungante quiser receber o sacramento na mão, seja-lhe distribuída a sagrada hóstia. Entretanto, cuide-se, com especial atenção, para que o comungante tome a hóstia logo, diante do ministro, de tal modo que ninguém se afaste levando na mão as espécies eucarísticas. Se houver perigo de profanação, não deve ser distribuída a santa comunhão na mão dos fiéis.
 
93. É preciso que se mantenha o uso da patena para a comunhão dos fiéis, a fim de evitar que a sagrada hóstia ou algum fragmento dela caia.
 
94. Não é permitido aos fiéis 'pegarem por si e muito menos passarem entre eles de mão em mão' a sagrada hóstia ou o cálice sagrado. Além disso, a esse respeito, deve ser abolido o abuso de os esposos, durante a missa nupcial, distribuírem reciprocamente a santa comunhão.
 
95. O fiel leigo 'que já recebeu a santíssima Eucaristia, pode recebê-la novamente no mesmo dia, somente na celebração eucarística em que participa, salvo a prescrição do cân. 921, § 2'.
 
96. Deve ser desaprovado o uso de distribuir, contrariamente às prescrições dos livros litúrgicos, à maneira de comunhão, durante a celebração da santa missa ou antes dela, hóstias não-consagradas ou qualquer outro material comestível ou não. De fato, tal uso não se concilia com a tradição do rito romano e traz consigo o risco de gerar confusão entre os fiéis quanto à doutrina eucarística da Igreja. Se em alguns lugares vigora, por concessão, o costume particular de benzer o pão e distribuí-lo após a missa, convém fazer com grande cuidado uma correta catequese sobre tal gesto. Por outro lado, não devem ser introduzidos costumes semelhantes, nem jamais utilizadas para tal escopo hóstias não-consagradas.
 
[...]
 
104. Não seja permitido que o comungante molhe por si mesmo a hóstia no cálice, nem que receba na mão a hóstia molhada. Que a hóstia para a intinção seja feita de matéria válida e seja consagrada, excluindo-se totalmente o uso de pão não-consagrado ou feito de outra matéria.
 
[...]
 
106. Entretanto, abstenha-se de passar o Sangue de Cristo de um cálice para outro após a consagração, para evitar qualquer coisa que possa ser desrespeitosa a tão grande mistério. Para receber o Sangue do Senhor não se usem em nenhum caso canecas, crateras ou outras vasilhas não integralmente correspondentes às normas estabelecidas.
 
107. Segundo a norma estabelecida pelos cânones, 'quem joga fora as espécies consagradas ou as subtrai ou conserva para fim sacrílego incorre em excomunhão 'latae sententiae' reservada à Sé Apostólica; além disso, o clérigo pode ser punido com outra pena, não excluída a demissão do estado clerical'. Deve ser considerada pertencente a esse caso qualquer ação voluntária e gravemente voltada para desprezar as sagradas espécies. Portanto, se alguém age contra as supracitadas normas, jogando, por exemplo, as sagradas espécies no sacrário num lugar indigno ou no chão, incorre nas penas estabelecidas. Além disso, tenha-se presente, no final da distribuição da santa comunhão durante a celebração da missa, que devem ser observadas as prescrições do Missal Romano e, sobretudo, que aquilo que restar eventualmente do Sangue de Cristo deve ser imediata e inteiramente consumido pelo sacerdote ou, segundo as normas, por outro ministro, enquanto as hóstias consagradas que sobrarem devem ser imediatamente consumidas no altar pelo sacerdote ou levadas a um lugar apropriado, destinado para conservar a Eucaristia."

 (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, "Instrução 'Redemptionis Sacramentum': Sobre alguns aspectos que se deve observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia", 25 de março de 2004)