Segundo a vontade de S. Domingos, e conforme a aprovação da Igreja, o Frade Pregador se consagra ao ministério apostólico. Sua vida se dedica, por amor de Deus, à salvação das almas. Sendo, entretanto, necessário escolher entre as inúmeras obras de caridade espiritual, adota ele, como objeto especial de sua vocação – a salvação das almas pela pregação da doutrina.
O Frade Pregador procura, antes de mais nada, transmitir aos homens a verdade divina: aos fiéis, expondo-lhes as riquezas da fé; aos transviados, esforçando-se por esclarecê-los e reconduzi-los ao bom caminho; e até, por meio de longínquas missões, aos infelizes habitantes dos países não civilizados, adormecidos ainda na noite do paganismo. O Frade Pregador é, pois, essencialmente, um apóstolo.
No dizer de Sto. Tomás de Aquino, esta é a mais perfeita das obras de caridade: "Ocupar-se da salvação espiritual do próximo, diz ele, é muito mais útil do que prover às suas necessidade corporais. É uma obra que sobreleva a qualquer outra, do mesmo modo que a alma ao corpo. Mais eficazmente que as outras, ela alcança a glória de Deus, a quem nada é mais agradável do que o zelo pelas almas".
A Ordem Dominicana é, essencialmente, apostólica. Mas é preciso bem compreender esse termo apostólico e conservar-lhe o sentido que que lhe atribui a tradição. É neste caso que ele designa o caráter específico da Ordem Dominicana.
Os teólogos dividem as diversas sociedades religiosas em três grupos: os institutos de vida ativa, que se incumbem dos enfermos, do ensino, e da pregação; os de vida contemplativa, que se consagram totalmente à contemplação das coisas divinas; enfim, os de vida mista, cuja finalidade é a contemplação frutificando pelo apostolado. A estes últimos, os doutores reservam o título de apostólicos quando distinguem as ordens religiosas.
Segundo a doutrina comum, precisada por Sto. Tomás com a sua maestria habitual, devem-se colocar acima das Congregações ativas as contemplativas, pois a contemplação é superior às obras exteriores. Mas, ainda mais elevados são os institutos de vida mista ou apostólicos. De fato, acrescenta o Doutor Angélico, é "melhor distribuir aos outros os frutos de sua contemplação do que viver a contemplar simplesmente, assim como há mais perfeição em arder e iluminar ao mesmo tempo, do que em somente arder". A vida mista ou apostólica é mais perfeita que a vida exclusivamente contemplativa. Ela encerra a perfeição da vida ativa e da contemplativa.
* Extraído do livro: "São Domingos e sua ordem", Frei M. Vicente Bernadot, O.P., 2.ª edição, Gráfica Olímpica Editora, Rio de Janeiro.
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