quinta-feira, 18 de setembro de 2014

QUEREM OBRIGAR-NOS A NOS TRAVESTIRMOS


O leitor mais atento já terá percebido que nossos jornais e muitos formadores de opinião têm pela liberdade de pensamento e de crença o mesmo apreço que Hitler nutria pelos judeus. Sim, porque o seu discurso é tolerante apenas na aparência; a consequência prática do que eles sustentam é a negação absoluta, o total aniquilamento da livre manifestação do pensamento.

Número não negligenciável de formadores de opinião quer obrigar os cristãos a ser travestis intelectuais. Dizem eles que os que professam uma fé religiosa não podem deixar-se "contaminar" por suas crenças quando forem manifestar uma opinião política, quando forem contribuir para uma deliberação estatal. Exigem dos crentes uma curiosa espécie de neutralidade (que, na verdade, seria uma contradição interna), sendo que eles próprios não se despem das suas convicções não neutras ao opinar. Propugnam uma espécie de estupro ou violação intelectual: o crente, o que adere a uma denominação religiosa, deve negar-se a si mesmo, deve violentar sua própria identidade, deve cindir-se ao meio, despir-se de suas convicções e aderir ao modo de pensar materialista desses formadores, quando for manifestar-se sobre aborto e casamento 'gay', por exemplo. Os crentes teriam de travestir-se de ateus ou agnósticos. Somente o ateísmo prático poderia nortear-lhes a expressão do pensamento. Teriam de consentir em uma espécie de violação, de estupro mental. Teriam de renunciar à própria mentalidade e tomar de empréstimo a mentalidade deles.


É compreensível que pessoas de inspiração materialista nutram pouco apreço pela religião. O que não é compreensível é que algumas delas (não podemos generalizar!) nutram pouco apreço pela liberdade de crença e de manifestação do pensamento. Se só há tolerância para os que pensam de forma igual, que tolerância é essa? Algumas daquelas pessoas revelam uma índole autoritária tão arraigada, tão inconcebível, que só lhes é possível admitir que os crentes pratiquem a sua religião sem acreditar nela, sem levá-la às últimas consequências, exclusivamente dentro do templo e mesmo assim desde que o sermão não seja politicamente incorreto.


Ora, meus amigos. O cristianismo não é uma roupa que se põe e que se tira ao sair ou entrar em prédios públicos. Não é uma espécie de capa que se pendura em um cabide na entrada do parlamento ou dos tribunais com o fim de não contaminá-los com a superstição. Não podemos admitir que nos imponham essa rachadura, esse partir ao meio, essa contradição, de ser cristão no templo e ateu na Câmara dos Deputados. Não nos obriguem às negações de São Pedro: "Não o conheço!" Não podemos admitir que nos obriguem a renunciar a Jesus Cristo e a seus preceitos quando formos emitir uma opinião política. O Estado não pode impor-nos tal alienação mental, tal dicotomia de vida, tal insinceridade com nós mesmos. E aqui devemos lembrar-nos da túnica de Cristo.


O cristão não é um homem de duas faces. Ele deve ser íntegro, inteiro, o mesmo, em toda parte, na igreja, no clube, no bar, em casa, no parlamento e no fórum. Ele não deixa Cristo para trás na escadaria do palácio de governo ou do tribunal. Ele não é um ser desintegrado, dividido, desconjuntado e desconexo, sem identidade. O voto cristão não é um voto cristão apenas na forma. O é também no conteúdo, nas motivações e objetivos. O cristão deve ser como a túnica de Cristo, tecida em peça inteira, sem costura, sem remendos. A mesma túnica Cristo vestia nas suas pregações e diante de Pilatos.


Paul Medeiros Krause

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A HORA É GRAVE


 

Caro leitor, estamos a poucos dias das eleições presidenciais. Não sei se todos se aperceberam da gravidade da situação em que nos encontramos. Um passo em falso do eleitor agora poderá ser fatal. Estamos à beira de uma tragédia anunciada. Há um processo de cubanização, de venezualização, do Brasil claramente em curso. O Estado brasileiro, a passos largos, tem se transformado em um estado ditatorial, com cerceamento das liberdades de pensamento e de crença. Se o eleitor desperdiçar seu voto em outubro, este processo tornar-se-á irreversível, pelo menos a curto e médio prazo. Custará sangue. Reclamará dores. Exigirá mártires.

 

Certos sofrimentos parecem ser um castigo do céu. Se fôssemos mais dóceis à vontade de Deus, se estivéssemos mais unidos a Ele, ficaria mais claro o que é melhor para nós. Por isso, gostaria hoje de convidar o leitor, mais do que a votar bem, a um processo de conversão. Ao convidá-lo, tento estimular também a mim mesmo, pois dependo urgentemente de seguir pelo bom caminho, de voltar para casa.

 

Nossa Senhora em todas as aparições recentes tem recomendado, tem exigido, a recitação do santo rosário, pelo menos a recitação do terço diariamente. Ora, se a Mãe de Deus nos pede tal coisa, como algo urgente, como algo imprescindível à salvação do mundo, será que temos o direito de ignorá-lo?

 

Acabo de retornar de uma viagem à Espanha. Tive o privilégio de visitar Salamanca, Alba de Tormes, Toledo e Ávila, quatro cidades teresianas. A Espanha, país de tantos e tão grandes santos, tem hoje igrejas vazias. Pelo menos no microcosmo em que me encontrei, quase só vi idosos nas missas e, mesmo assim, em reduzido número. Parece haver ortodoxia no clero, mas falta-lhe vida, fogo, vigor, entusiasmo, paixão. Ali a fé parece ter se cansado, tornando-se quase exclusivamente um dever burocrático. Não se trata mais do amor apaixonado por uma Pessoa que continua no meio de nós.

 

No Brasil, em muitas partes falta ortodoxia ao clero, fidelidade ao Papa e ao Magistério. Contudo, nossas missas são cheias e estão repletas de jovens. O catolicismo no Brasil ainda é uma força pulsante. Infelizmente, há também relações promíscuas de membros do clero, de setores da CNBB, com partidos de esquerda, o que revela uma crise de identidade, pois catolicismo e socialismo são duas coisas totalmente incompatíveis.

 

Entretanto, não estamos sós. Deus está conosco. Nossa Senhora prometeu sua ajuda a quem rezar o rosário. Será que estamos pedindo? Será que estamos invocando o auxílio de Deus para as próximas eleições? Será que estamos convencidos de que pôr os joelhos no chão é indispensável nessa hora dramática? Pouco adianta o nosso inconformismo anão, a nossa histérica revolta de Facebook. O caso é grave. É gravíssimo. É preciso rezar e agir. Agir muito. Partir para o convencimento homem a homem. Um a um. Mas sobretudo rezar.

 

Peçamos a Deus que não nos entregue a nós mesmos. Que não nos puna, que não nos entregue à nossa própria sorte, ao castigo que justamente merecemos. Por enquanto, ainda temos liberdade para falar algumas coisas, contudo, se o processo evidente de implantação do socialismo no Brasil continuar, haverá perseguições, prisões, mártires, choro e ranger de dentes.

 

O Estado ideológico não admite o debate. Ele tenta tomar o lugar da nossa consciência, aniquilando a nossa própria ética e o nosso senso moral. O Estado ideológico parte para a imposição truculenta e para a criminalização das opiniões divergentes. Imiscui-se em assuntos eminentemente privados, penetrando na vida familiar e na privacidade dos indivíduos. Até quando fecharemos os olhos para o que se passa em Cuba, na Venezuela, no Equador, na Argentina? Até quando seremos omissos? Tentaremos gritar somente depois de nos cortarem as gargantas?

 

Parece que não estamos percebendo que, em países vizinhos e alinhados ideologicamente ao partido que está no poder, os veículos de comunicação que manifestam discordância do governo são fechados, sendo a própria discordância criminalizada. Políticos de oposição são perseguidos e presos, pura e simplesmente por contestarem a “verdade oficial”. A incursão do Estado na vida privada dos indivíduos com a “Lei da Palmada”, com a tentativa de criminalização das opiniões discordantes do homossexualismo travestida de combate à homofobia deveria levar-nos a refletir mais detida e seriamente.

 

A alternância no poder nas próximas eleições é crucial. É questão de vida ou morte. Muitos já concluíram que, se o partido que se encontra no poder for reeleito, a única solução poderá ser deixar o país e tentar a vida no estrangeiro. Nós temos a possiblidade ainda de reverter um nefasto processo que está em curso e adiantado. Ditaduras não se implantam do dia para a noite. Elas vão nascendo e mostrando as garras aos poucos, silenciosamente. Alimentam-se da nossa frouxidão. Se deixarmos passar esta oportunidade que a providência de Deus nos oferece – as próximas eleições –, poderá ficar tarde demais.

 

Façamos tudo o que estiver ao nosso alcance. Servindo-nos dos meios ascéticos, especialmente da recitação contínua do terço, tentemos convencer homem a homem. Deus fará o resto.
 


Paul Medeiros Krause