quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A HORA É GRAVE


 

Caro leitor, estamos a poucos dias das eleições presidenciais. Não sei se todos se aperceberam da gravidade da situação em que nos encontramos. Um passo em falso do eleitor agora poderá ser fatal. Estamos à beira de uma tragédia anunciada. Há um processo de cubanização, de venezualização, do Brasil claramente em curso. O Estado brasileiro, a passos largos, tem se transformado em um estado ditatorial, com cerceamento das liberdades de pensamento e de crença. Se o eleitor desperdiçar seu voto em outubro, este processo tornar-se-á irreversível, pelo menos a curto e médio prazo. Custará sangue. Reclamará dores. Exigirá mártires.

 

Certos sofrimentos parecem ser um castigo do céu. Se fôssemos mais dóceis à vontade de Deus, se estivéssemos mais unidos a Ele, ficaria mais claro o que é melhor para nós. Por isso, gostaria hoje de convidar o leitor, mais do que a votar bem, a um processo de conversão. Ao convidá-lo, tento estimular também a mim mesmo, pois dependo urgentemente de seguir pelo bom caminho, de voltar para casa.

 

Nossa Senhora em todas as aparições recentes tem recomendado, tem exigido, a recitação do santo rosário, pelo menos a recitação do terço diariamente. Ora, se a Mãe de Deus nos pede tal coisa, como algo urgente, como algo imprescindível à salvação do mundo, será que temos o direito de ignorá-lo?

 

Acabo de retornar de uma viagem à Espanha. Tive o privilégio de visitar Salamanca, Alba de Tormes, Toledo e Ávila, quatro cidades teresianas. A Espanha, país de tantos e tão grandes santos, tem hoje igrejas vazias. Pelo menos no microcosmo em que me encontrei, quase só vi idosos nas missas e, mesmo assim, em reduzido número. Parece haver ortodoxia no clero, mas falta-lhe vida, fogo, vigor, entusiasmo, paixão. Ali a fé parece ter se cansado, tornando-se quase exclusivamente um dever burocrático. Não se trata mais do amor apaixonado por uma Pessoa que continua no meio de nós.

 

No Brasil, em muitas partes falta ortodoxia ao clero, fidelidade ao Papa e ao Magistério. Contudo, nossas missas são cheias e estão repletas de jovens. O catolicismo no Brasil ainda é uma força pulsante. Infelizmente, há também relações promíscuas de membros do clero, de setores da CNBB, com partidos de esquerda, o que revela uma crise de identidade, pois catolicismo e socialismo são duas coisas totalmente incompatíveis.

 

Entretanto, não estamos sós. Deus está conosco. Nossa Senhora prometeu sua ajuda a quem rezar o rosário. Será que estamos pedindo? Será que estamos invocando o auxílio de Deus para as próximas eleições? Será que estamos convencidos de que pôr os joelhos no chão é indispensável nessa hora dramática? Pouco adianta o nosso inconformismo anão, a nossa histérica revolta de Facebook. O caso é grave. É gravíssimo. É preciso rezar e agir. Agir muito. Partir para o convencimento homem a homem. Um a um. Mas sobretudo rezar.

 

Peçamos a Deus que não nos entregue a nós mesmos. Que não nos puna, que não nos entregue à nossa própria sorte, ao castigo que justamente merecemos. Por enquanto, ainda temos liberdade para falar algumas coisas, contudo, se o processo evidente de implantação do socialismo no Brasil continuar, haverá perseguições, prisões, mártires, choro e ranger de dentes.

 

O Estado ideológico não admite o debate. Ele tenta tomar o lugar da nossa consciência, aniquilando a nossa própria ética e o nosso senso moral. O Estado ideológico parte para a imposição truculenta e para a criminalização das opiniões divergentes. Imiscui-se em assuntos eminentemente privados, penetrando na vida familiar e na privacidade dos indivíduos. Até quando fecharemos os olhos para o que se passa em Cuba, na Venezuela, no Equador, na Argentina? Até quando seremos omissos? Tentaremos gritar somente depois de nos cortarem as gargantas?

 

Parece que não estamos percebendo que, em países vizinhos e alinhados ideologicamente ao partido que está no poder, os veículos de comunicação que manifestam discordância do governo são fechados, sendo a própria discordância criminalizada. Políticos de oposição são perseguidos e presos, pura e simplesmente por contestarem a “verdade oficial”. A incursão do Estado na vida privada dos indivíduos com a “Lei da Palmada”, com a tentativa de criminalização das opiniões discordantes do homossexualismo travestida de combate à homofobia deveria levar-nos a refletir mais detida e seriamente.

 

A alternância no poder nas próximas eleições é crucial. É questão de vida ou morte. Muitos já concluíram que, se o partido que se encontra no poder for reeleito, a única solução poderá ser deixar o país e tentar a vida no estrangeiro. Nós temos a possiblidade ainda de reverter um nefasto processo que está em curso e adiantado. Ditaduras não se implantam do dia para a noite. Elas vão nascendo e mostrando as garras aos poucos, silenciosamente. Alimentam-se da nossa frouxidão. Se deixarmos passar esta oportunidade que a providência de Deus nos oferece – as próximas eleições –, poderá ficar tarde demais.

 

Façamos tudo o que estiver ao nosso alcance. Servindo-nos dos meios ascéticos, especialmente da recitação contínua do terço, tentemos convencer homem a homem. Deus fará o resto.
 


Paul Medeiros Krause

2 comentários:

  1. Prezado Paul, boa tarde!

    Entendo sua preocupação com o futuro do nosso País e parabenizo-o por isso. Como você sou católico e acho também que o voto consciente é a solução. No entanto, vejo que não estamos à beira de uma catástrofe, como você diz. Não sou adepto do governo atual, mas vejo que cumpriu seu papel de forma adequada, apesar dos inúmeros problemas que temos. Evidentemente, isso não significa que não precisamos mudar. Entendo que vivemos em um País com uma democracia sólida e qualquer governante que quebre as regras do jogo será afastado do poder. Posicionamentos fundamentalistas não combinam com nosso jeito de ser.

    Que Deus ilumine você e o nosso povo. Um abraço. Júlio César Vasconcelos (caesarius@caesarius.com.br)

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    1. Prezado Júlio,

      Obrigado por seus comentários. Infelizmente, não ando tão otimista quanto você. A meu ver, quase todas as instituições no Brasil estão corroídas, quase inteiramente dissolvidas. Mais quatro anos no poder, e o PT corroerá e dissolverá tudo. Vivemos tempos sombrios, de ditadura disfarçada. A meu ver, o seu posicionamento é um pouco ingênuo.

      Um abraço,

      Paul

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