terça-feira, 21 de julho de 2015

"SOB O SOL DE SATÃ"


Acabei, no dia de 18 julho, data da primeira aparição de Nossa Senhora das Graças a Santa Catarina Labouré, na Rue du Bac, em Paris, a leitura de "Sob o sol de Satã", de Georges Bernanos. A aparição foi em Paris; o fim da leitura, em Tiradentes.

Bernanos foi para mim uma grande surpresa e uma agradabilíssima descoberta, ele que é chamado de "Dostoiévski francês". Por coincidência, antes de conhecê-lo, eu havia lido na sequência vários livros do Dostoiévski original. Depois do "Idiota", bastante monótono e cujo final não digeri, enfastiado, queria variar e alimentar meu espírito com outro autor. Coincidentemente, fugi do russo para cair nas graças do seu sucedâneo francês, sem o saber.  

Realmente, há algo parecido nos dois, pois os personagens de Bernanos são complexos e atormentados como os do escritor russo. Também as suas críticas ao mundo e à sociedade adquirem bastante causticidade, são ácidas e ásperas, duras e profundas. Não há meios-termos. Aprecio a sinceridade e uma certa virulência de quem põe o dedo na ferida com o intuito de curá-la. Minha primeira experiência com o pensador católico francês foi "Diário de um pároco de aldeia", talvez o melhor livro que já li até hoje; um dos melhores, com certeza. Entre o "Diário" e "O sol", houve de permeio o opúsculo "Joana, relapsa e santa", que não poupa nem atenua críticas ao clero que condenou Joana d' Arc, padroeira principal da França, à fogueira.

A meu ver, "O sol de Satã" é inferior ao "Diário do pároco". A narrativa é menos linear e há divagações sem fim do autor. Contudo, nelas ainda se manifesta o gênio. Recomendo vivamente a leitura, tendo-me deliciado imensamente com a pureza, a santidade e o espírito de penitência do Padre Donissan.

 
Paul Medeiros Krause
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário