Partilho com você, leitor, trechos extraordinários ainda do Prefácio de "Introdução ao Cristianismo":
“Todas as grandes civilizações
estão abertas umas para as outras e para a verdade. Todas trazem alguma
contribuição para o ‘vestido multicolor’ da noiva, da qual fala o Salmo 44 que
os Padres da Igreja aplicavam à Igreja.”
“Deus tornou-se totalmente
concreto em Cristo, mas isso fez também com que o seu mistério aumentasse ainda
mais. Deus é sempre infinitamente maior do que todos os nossos conceitos e
todas as nossas imagens e todos os nossos nomes. O fato de nós o professarmos
como Deus trino não significa de modo algum que já sabemos tudo a seu respeito,
muito pelo contrário: isso nos mostra o quão pouco sabemos dele e quão pouco o
entendemos e compreendemos.”
“A partir do prólogo de João está
no centro de nossa fé cristã em Deus o conceito do Logos, que significa razão,
sentido, mas também palavra – um sentido, portanto, que é palavra, que é
relação, que é criador. O Deus que é Logos nos afiança a racionalidade do
mundo, a racionalidade do nosso ser, a adequação da razão a Deus e a adequação
de Deus à razão, mesmo que a sua razão ultrapasse infinitamente a nossa e nos
pareça tantas vezes como escuridão.”
“O mundo vem da razão, e essa
razão é pessoa, é amor – é isso o que a fé bíblica nos diz a respeito de Deus.
A razão pode e deve falar de Deus, do contrário ela se mutila a si mesma. Isso
inclui o conceito de criação. O mundo não é apenas ‘maia’, ou seja, aparência
que, em última análise, devemos deixar para trás. Ele não é apenas a roda
infinita dos sofrimentos, da qual devemos tentar escapar. O mundo é positivo.
Ele é bom, apesar de todo mal e todo sofrimento que há nele, e é bom viver
nele. O Deus que é criador e que se manifesta em sua criação dá direção e
medida também à ação do homem.”
(Joseph Ratzinger, Prefácio à reedição de 2010 de “Introdução
ao Cristianismo”)
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