O mês de outubro, caro leitor,
inicia-se com a comemoração de grandes santos. Já no dia primeiro, temos Santa
Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Com apenas vinte e quatro anos, ela
atingiu tão estupenda santidade que qualquer marmanjo como eu, com seus trinta
e sete anos mal vividos de infidelidades no serviço de Deus, ao pensar nela,
sente como que uma paulada na cabeça, para usar uma expressão do gosto de
Dostoiévski.
Santa Teresinha
pode muito bem ser considerada um caso de menina prodígio, pois, falecendo tão
jovem, em pouquíssimo tempo, além de subir à honra dos altares, foi proclamada padroeira
das Missões, sem nunca ter saído do Carmelo, ao lado de São Francisco Xavier, doutora
da Igreja (uma entre as únicas três mulheres, de um total de trinta e três
doutores até então) e padroeira secundária da França, atrás apenas de Santa
Joana d’ Arc.
Eis
o que a graça de Deus pode fazer com uma alma! Certamente, nem todas serão
grandes como Santa Teresinha, mas ela é um belo exemplo de como uma alma pode
se elevar se não resistir aos impulsos e às inspirações de Deus.
Em
companhia dos nossos anjos da guarda, passamos pelo dia 2. No dia 3,
comemoramos São Francisco Borja. E quando a zonzeira na cabeça parece ir-se embora,
vem São Francisco de Assis no dia 4 e dá-nos uma paulada mais certeira ainda,
da qual não sabemos se nos recuperamos. Não sei dizer se São Francisco é um
homem ou se é um serafim.
Mas,
se Deus pode fazer o homem subir tanto, a ausência de Deus também oferece um
terrível espetáculo.
Sendo eu um
homem de hábitos regulares, vim uma vez mais a Tiradentes, para uma semana de
descanso e, além disso, a fim de acompanhar as magníficas celebrações
litúrgicas de São João Del-Rei.
Ontem
foi dia de São Benedito e achei por bem visitá-lo na Igreja de Nossa Senhora do
Rosário dos Pretos. Conta-se aqui, em Tiradentes, a impressionante história
segundo a qual os escravos não podiam rezar nas outras igrejas e que tiveram de
construir a sua própria igreja, à noite, trazendo ouro escondido entre os
dentes, para adornar o altar da Virgem do Rosário.
Tolstói
afirmou certa vez que a história de uma aldeia é a história do mundo. Pois bem.
Desse dramático relato da edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos
Pretos pode-se tirar algumas conclusões.
Não
há limites para o mal quando o homem, a sociedade ou uma nação se afastam de
Deus. Não nos devemos espantar com o que faz uma alma em pecado mortal, mas com
o que ela deixa de fazer, dizia Santa Teresa. Sem Deus, qualquer atrocidade
pode ter lugar.
No
meu texto anterior, indiquei alguns partidos que fazem guerra aberta à Igreja e
aos valores cristãos. O Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, esse profeta dos nossos
tempos, apresentou lista mais extensa, no excelente texto “Três passos para
escolher um candidato” (http://www.providaanapolis.org.br/3passos.htm).
O mesmo Pe. Lodi divulgou também um vídeo extraordinário esclarecendo porque um
católico não pode votar no Partido dos Trabalhadores (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=2rREUfWwfXw
).
Se não votarmos
bem amanhã, não se assuste o leitor-eleitor se, daqui a algum tempo, o Estado
proibir-nos de ir à Igreja, pois ele já tem envidado esforços para alijar a
nossa fé da vida pública. Nossa liberdade religiosa está em risco, como a dos
pobres escravos de séculos atrás. Não vou dizer que já chegamos à situação
extrema em que eles se encontravam, mas quero alertar, se preciso for,
gritando, que é possível retornar àquela situação brutal e descer ainda mais
fundo. Não há limites para o mal, se excluirmos Deus da vida pública. Liberdade
alguma escapará da escravidão, e costume algum se desvencilhará da podridão se
não perguntarmos a Deus, com insistência, na oração, em quem devemos votar
amanhã, e aos seus amigos, bons formadores da nossa consciência, em quem não
devemos votar.
Colocar o voto em oração. É preciso levar o nosso voto, tal qual ouro escondido entre nossos dedos, ao altar de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, para render-lhe culto e tributar-lhe glória. Enfim, para que nossa escolha seja louvor agradável a Deus e benfazejo aos irmãos.
Paul Medeiros Krause
No dia de São Bruno, fundador dos
cartuxos,6 de outubro de 2012
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