sábado, 17 de agosto de 2013

AOS PÉS DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS


O mês de outubro, caro leitor, inicia-se com a comemoração de grandes santos. Já no dia primeiro, temos Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Com apenas vinte e quatro anos, ela atingiu tão estupenda santidade que qualquer marmanjo como eu, com seus trinta e sete anos mal vividos de infidelidades no serviço de Deus, ao pensar nela, sente como que uma paulada na cabeça, para usar uma expressão do gosto de Dostoiévski.

Santa Teresinha pode muito bem ser considerada um caso de menina prodígio, pois, falecendo tão jovem, em pouquíssimo tempo, além de subir à honra dos altares, foi proclamada padroeira das Missões, sem nunca ter saído do Carmelo, ao lado de São Francisco Xavier, doutora da Igreja (uma entre as únicas três mulheres, de um total de trinta e três doutores até então) e padroeira secundária da França, atrás apenas de Santa Joana d’ Arc.

Eis o que a graça de Deus pode fazer com uma alma! Certamente, nem todas serão grandes como Santa Teresinha, mas ela é um belo exemplo de como uma alma pode se elevar se não resistir aos impulsos e às inspirações de Deus.

Em companhia dos nossos anjos da guarda, passamos pelo dia 2. No dia 3, comemoramos São Francisco Borja. E quando a zonzeira na cabeça parece ir-se embora, vem São Francisco de Assis no dia 4 e dá-nos uma paulada mais certeira ainda, da qual não sabemos se nos recuperamos. Não sei dizer se São Francisco é um homem ou se é um serafim.

Mas, se Deus pode fazer o homem subir tanto, a ausência de Deus também oferece um terrível espetáculo.

Sendo eu um homem de hábitos regulares, vim uma vez mais a Tiradentes, para uma semana de descanso e, além disso, a fim de acompanhar as magníficas celebrações litúrgicas de São João Del-Rei.

Ontem foi dia de São Benedito e achei por bem visitá-lo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Conta-se aqui, em Tiradentes, a impressionante história segundo a qual os escravos não podiam rezar nas outras igrejas e que tiveram de construir a sua própria igreja, à noite, trazendo ouro escondido entre os dentes, para adornar o altar da Virgem do Rosário.

Tolstói afirmou certa vez que a história de uma aldeia é a história do mundo. Pois bem. Desse dramático relato da edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos pode-se tirar algumas conclusões.

Não há limites para o mal quando o homem, a sociedade ou uma nação se afastam de Deus. Não nos devemos espantar com o que faz uma alma em pecado mortal, mas com o que ela deixa de fazer, dizia Santa Teresa. Sem Deus, qualquer atrocidade pode ter lugar.

No meu texto anterior, indiquei alguns partidos que fazem guerra aberta à Igreja e aos valores cristãos. O Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, esse profeta dos nossos tempos, apresentou lista mais extensa, no excelente texto “Três passos para escolher um candidato” (http://www.providaanapolis.org.br/3passos.htm). O mesmo Pe. Lodi divulgou também um vídeo extraordinário esclarecendo porque um católico não pode votar no Partido dos Trabalhadores (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=2rREUfWwfXw ).

Se não votarmos bem amanhã, não se assuste o leitor-eleitor se, daqui a algum tempo, o Estado proibir-nos de ir à Igreja, pois ele já tem envidado esforços para alijar a nossa fé da vida pública. Nossa liberdade religiosa está em risco, como a dos pobres escravos de séculos atrás. Não vou dizer que já chegamos à situação extrema em que eles se encontravam, mas quero alertar, se preciso for, gritando, que é possível retornar àquela situação brutal e descer ainda mais fundo. Não há limites para o mal, se excluirmos Deus da vida pública. Liberdade alguma escapará da escravidão, e costume algum se desvencilhará da podridão se não perguntarmos a Deus, com insistência, na oração, em quem devemos votar amanhã, e aos seus amigos, bons formadores da nossa consciência, em quem não devemos votar.

Colocar o voto em oração. É preciso levar o nosso voto, tal qual ouro escondido entre nossos dedos, ao altar de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, para render-lhe culto e tributar-lhe glória. Enfim, para que nossa escolha seja louvor agradável a Deus e benfazejo aos irmãos.

 

Paul Medeiros Krause
No dia de São Bruno, fundador dos cartuxos,
6 de outubro de 2012

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