Quando da renúncia do Papa Bento XVI,
alguns jornalistas espertinhos, com ar de superioridade, aproveitaram a ocasião
para menoscabar dogmas católicos, sobretudo o da infalibilidade papal. A
incompetência da maior parte deles revelou-se de uma forma tão gritante que eu
chamaria até de apocalíptica. Muitos nem se deram ao cuidado de abrir o Código
de Direito Canônico ou algum documento oficial da Igreja. Luís Fernando
Veríssimo, por exemplo, em tom de galhofa, chegou a perguntar-se se o Papa
Bento XVI continuaria infalível após ter renunciado. Na ocasião, cheguei a
escrever ao “Fórum dos Leitores” do Estadão, advertindo o articulista de que a
infalibilidade papal só existe quando o pontífice se pronuncia ex cathedra.
Causa espécie, então, que o que a
imprensa recusa a Roma atribua a si própria, numa escala muito maior. Ela, a
imprensa, sem ser especialista no assunto, ao contrário do Papa nas matérias
que lhe dizem respeito, pronunciou-se ex
cathedra, definindo um novo dogma de fé: “o homossexualismo é bom, é moral, é natural, e quem se opõe a ele viola
os direitos humanos”.
Muitos jornalistas ostentam
indisfarçável prazer ao dar uma estocada na Igreja no tema Inquisição. Mas não
estamos vivendo uma nova inquisição, muitos séculos após o fim da Idade Média,
nós que somos tão avançados? Quem não percebe que diversos veículos de
comunicação resolveram promover o linchamento moral de Marco Feliciano? Tais
veículos ficam esmiuçando a vida do sujeito, a fim de encontrar algum piolho, alguma
lêndea, um arroto que o comprometa. Até vigiar o que o pastor anda pregando em
cerimônias religiosas estão fazendo. Resolveram fazer o controle de conteúdo do
sermão. Entram no templo, espionam e filmam o pregador. É mole?!
Ora, no sermão, o pastor pode apresentar
a sua visão espiritual da realidade e não cabe à imprensa dar pitaco. Preocupados
com o controle de qualidade das prédicas, os jornais esqueceram-se do controle
de qualidade do jornalismo. Deveriam eles olhar para o próprio umbigo. Aos
olhos da grande maioria dos jornalistas, excetuados alguns poucos sensatos,
Marco Feliciano é um herege, um boca maldita. Merece a fogueira da perda do
mandato. Parte-se já de uma pressuposta violação inconcebível de verdade de fé,
que, diga-se de passagem, é verdade de fé para eles, jornalistas e artistas
“mente aberta”, não para nós. E o pior: o julgamento é sumário, cruel, covarde,
por tribunal de exceção (não é realizado pela autoridade competente) e sem
direito de defesa.
Jornalistas e artistas arvoraram-se em
censores da opinião pública e do próprio Legislativo.
A questão é de fé, meu amigo. Na
verdade, ninguém está preocupado com as lêndeas de Marco Feliciano. Afinal, por
que os meios de comunicação não pegam no pé de José Genoíno e João Paulo Cunha,
condenados no processo do mensalão e membros da Comissão de Constituição e
Justiça? São eles impolutos? Não, mas eles não chegaram a violar a fé. A
questão é essa, leitor. O problema é que Marco Feliciano, de forma mais ou
menos habilidosa, atreveu-se a contestar o dogma. Desestabilizou verdades
confortáveis. Ele é um anátema. Uma ameaça ao catecismo dos tabloides. Um
herege. Cometeu crime de lesa-majestade ou lesa-verdade das minorias. O
problema é de ortodoxia.
Estou preocupado com o assunto porque
alguns setores da sociedade estão querendo ganhar no grito, com total
vilipêndio das instituições democráticas. Por que motivo um pastor evangélico
não pode presidir a Comissão de Direitos Humanos e de Minorias da Câmara? É
pecado? É pecado ser contrário ao homossexualismo? E qual é a pena: excomunhão?
Ou, ao contrário, não estará o pastor sendo vítima de preconceito, por motivo
de crença religiosa? A meu ver, o deputado é que está sendo vítima de crime.
O que grande parte da imprensa e alguns
setores da sociedade estão dizendo é que só representantes dos movimentos LGBT
podem presidir a citada comissão. Mas, com que fundamento? Com que argumento
legal? O que confere aos movimentos gays esse
privilégio de detentores do monopólio da verdade, de prefeitos da congregação
da doutrina da fé, de paladinos dos direitos humanos (eu sempre havia pensado
que direitos humanos são para todos os homens, não para determinados grupos de
seres humanos)? Ah!... É que os meios de comunicação e os defensores das
minorias pronunciaram-se ex cathedra. É
mesmo?! Mas não dizem que o Brasil é um estado laico? Por que eu devo recusar
um dogma papal e aceitar um dogma jornalístico? Por que eu devo ceder ao catecismo
dos artistas beijoqueiros?
Ninguém é obrigado a acreditar em dogmas
propalados por quem quer que seja. Os únicos dogmas a que estamos vinculados
são jurídicos, constitucionais: o do respeito às instituições democráticas e o do
estado de direito. As comissões da Câmara não são um brinquedinho que crianças
birrentas conquistam no grito.
Quando se lê jornal ou se vê televisão,
a impressão que se tem é que todo o Brasil é gay. Parece que o homossexualismo é o supervalor fundante da nação.
Alguns artistas estão emburrados. Que dó! Mas, deixe-me dizer-lhes, leitor: o
Brasil não é gay, meus senhores! O
Brasil é cristão, queiram ou não, e os cristãos merecem respeito. Eu me sinto
representado por Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos. A maior parte
da população sente-se representada por ele, não por Daniela Mercury. Os
artistas e a imprensa não têm de nos ensinar o que fazer. Eles têm de baixar a
bola. Ficar na miúda, como se diz. Não somos incapazes, interditados, menores
impúberes. A imprensa não manda no Brasil. Não controla o Legislativo; quem o
controla é o povo! Não precisamos da tutela dos artistas. Temos nossa própria opinião.
Evangélico também tem direitos políticos.
Para terminar, quero dizer uma coisa,
quase como se fosse um sussurro ao pé do ouvido. Posso estar mal informado ou
sendo muito exigente, mas gostaria de ter ouvido alguma palavra da CNBB sobre esse
assunto. Além disso, será que alguns de nós não estamos sendo omissos, vendo
cristãos serem alijados da vida pública? Seremos coniventes com essa caça às
bruxas, com uma congregação para a doutrina da fé LGBT na Câmara? Espero que o
cristianismo não seja expulso do Congresso. Senhores artistas, não por acaso,
Cristo foi traído com um beijo.
Paul Medeiros Krause
Excelente texto Paul.
ResponderExcluirE a pura verdade é esse, hoje em dia vivemos uma ditadura gay. O membro da comissão que mais vai trazer discussão para o assunto, querem expulsá-lo, afrontando a democracia e criando um regime totalitário gay.